Depois de dias, semanas, sem sessões por conta da eleição, os plenários da Câmara dos Deputados e do Senado voltaram na tarde dessa terça-feira a ter parlamentares discursando na tribunas. A presença não era grande mas ainda assim houve discursos e bate-papo. Muitos lamentavam o resultado adverso nas urnas. Uns poucos comemoravam.
Na Câmara, o carioca Chico Alencar ocupou o microfone para falar da eleição para senador no Rio, na qual ficou em quinto lugar, atrás de Flávio Bolsonaro, Arolde de Oliveira, César Maia e Lindbergh Faria: – O resultado não me alegra, mas me enche de orgulho. Quero agradecer os 1.281.373 que os cariocas me atribuíram. A ouvi-lo da mesa diretora da Casa, dois silenciosos parlamentares que também não conseguiram vencer. O delegado Edson Moreira, de Minas, e Carlos Manato, do Espírito Santo.
Depois, a deputada reeleita Jandira Feghali discursava. Comemorava sua recondução à Casa e lamentava a votação de Jair Bolsonaro para presidente. Sentado no plenário, o deputado Luiz Couto, da Paraíba, comentava com um colega também derrotado sua insuficiente votação para o Senado na Paraíba. Mais adiante, Marcos Feliciano e Marcos Rogério estavam radiantes. O primeiro, volta à Câmara e o segundo vai ser senador, eleito por Rondônia.
No Senado, o clima também era de desolação. Poucos vitoriosos e muitos derrotados. Hélio José, do Distrito Federal, concorreu à Câmara e perdeu. Antônio Carlos Valadares, de Sergipe, não conseguiu reeleição. Vanessa Grazziotin, do Amazonas, também não. Romário — batido no primeiro turno para governador no Rio –, sentado em sua cadeira do plenário praticamente vazio, observava ao longe a passagem por lá do atual presidente da Casa, Eunício Oliveira, que também foi batido, no Ceará.
Da tribuna, Ana Amélia Lemos — que tinha eleição tida como certa para novo mandato pelo Rio Grande do Sul mas optou por ser candidata como vice na derrotada chapa de Geraldo Alckmin para a Presidência — brindava a renovação, a chegada de novos parlamentares ao Congresso. E também anunciava seu apoio a Jair Bolsonaro no segundo turno. Em seu breve discurso disse que a sociedade “não quer saber mais de corrupção, ela não quer saber mais de insegurança. As pessoas não podem sair de casa, porque correm o risco de serem assaltadas, de sofrerem um homicídio”.
A poucas quadras do Congresso, o PSDB fazia azeda reunião para avaliar os próximos passos do partido, que sai da eleição com um caminhão de carregado insucessos. Igualmente ao dia na Câmara e no Senado, houve lamúrias e lamentos, acusações e troca de ofensas. Ao final, Doutor Geraldo declarou que o partido não apoiará nem Bolsonaro e nem Fernando Haddad no segundo turno.
Já o PTB, que fazia parte da cesta partidos do “centrão” aliada de Alckmin, fez justamente o contrário. O próprio presidente da legenda, Roberto Jefferson, anunciou adesão a Bolsonaro por considerar que este tem programa de governo com muitos pontos de convergência com o PTB. No Rio, João Amoêdo, do Novo, não foi claro se apoia ou não Bolsonaro. Mas garante que é contra o PT.
Em São Paulo, o PT reúne o novo alto comando da campanha de Fernando Haddad, agora com a presença de Jacques Wagner, eleito senador pela Bahia e ex-ministro de Lula e Dilma. Articulam o apoio de Ciro Gomes, do PDT. No Rio, Bolsonaro trabalha nos programas de tevê que irão ao ar na próxima sexta-feira.