“Dizem que lá tá dando sono”, alfinetou Manuela D´Ávila, perto da meia-noite, ao lado de Fernando Haddad – mais Gleisi Hoffmann, presidente do partido, e Sergio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, além da apresentadora, no debate paralelo feito pela frente enquanto a Band transmitia, na noite de quinta, 09, o primeiro debate eleitoral desta campanha presidencial – com a chapa triplex censurada. Naquele momento, a audiência era de 50 mil pessoas e a vaquinha do Lula via streaming passava de 500 mil reais. Não sei, a essa altura, qual foi o Ibope da Band, mas meu palpite é traço – algo como a flat line no monitor cardíaco de um paciente terminal. Quem viu o encontro reunindo Cabo Daciolo (Patri), Alvaro Dias (Pode), Ciro Gomes (PDT), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (Psol) e Marina Silva (Rede), ficou com a sensação de ver um filme B – talvez uma comédia – editado às pressas já que o protagonista foi cortado do casting por ordens judiciais. Debate fraquíssimo – e olha que tenho quilometragem de debates desde 1989 -, sem um pingo de novidade, com os candidatos engessados em discursos feitos – pareciam ler o teleprompter – e o constrangimento de participar de uma evidente fraude.
Alckmin parecia ter entrado em um De Volta para o Futuro tucano, com o mesmo discurso e tom de voz de 2006, gesticulando mais do que a loirinha das libras. Jair Bolsonaro seguiu no papel fanfarrão, e chegou a dizer que se orgulhava de nunca ter ocupado um cargo executivo. Peraí, mas ele quer saltar justamente para o cargo principal? Henrique Meirelles, no seu travestismo político, negou ser o candidato dos bancos – embora tenha sido o presidente internacional do BankBoston e chairman do Lazard Americas, banco de investimento sediado em Nova York, entre outras escalas no alto escalão financeiro. Ciro Gomes adotou um discurso paz, amor e vaselina. Não era ele ali, era um Ciro anestesiado. Álvaro Dias, meu Deus, implantes e botox à parte, parecia, como sacou Helena Chagas, uma versão retocada do Sérgio Moro – na forma e no discurso. Marina Silva, como sempre, parecia sedada. O noviço Cabo Daciolo, como se previa, fez louvores a Deus e perguntas e respostas insossas. Boulos foi Boulos – ou seja, o cara que mal pode esperar pra apoiar Lula ou Haddad no segundo turno.