O raquitismo intelectual de jornalistas e analistas políticos da terra fica nu diante do professor de Ciências Políticas da Universidade de Princeton, Jan-Werner Müller, que concedeu entrevista para a revista Veja, que está publicada nas páginas amarelas desta semana. Quantas vezes vocês ouviram do mané da esquina ou de um renomado intelectual ou jornalista a frase: Só no Brasil mesmo!
Esse professor analisou a chegada ao poder de Hugo Chávez (Venezuela), Recep Erdogan (Turquia) e Donald Trump (Estados Unidos). Ele diz, por exemplo, que o populismo é um fenômeno mundial. E que tem forte adesão na Europa Ocidental e nos Estados Unidos. Ele diz que isso fica patente no caso de Brexit, na Inglaterra. e na eleição do Trump.
Este fenômeno tem o apoio do despossuído, dos que estão ascendendo e do establishment. Por isso, diz: “não pode ser tratado como um fenômeno isolado e irracional”. Cita ainda a recente ascensão do Partido da Liberdade na Áustria e a vitória de Silvio Berlusconi na Itália, na década de 90.
Explica que, hoje, esses populistas não precisam da imprensa. Onde, aliás, são saco de pancada. Eles têm as redes sociais para fazer ligação direta com o público alvo. Cita o uso do Twiter pelo Trump. Aqui no Brasil, Jair Bolsonaro usa há anos o WhatsApp. Este foi o instrumento de mobilização no recente movimento dos caminhoneiros.
Ele não usa essas palavras, mas diz que os principais aliados dos populistas são estes Sábios do Sião que, todos os dias, na mídia, detonam a classe política de um modo geral. Os que cultivam o descrédito amplo, geral e irrestrito fomentam o populismo. Enfim, há muito mais na entrevista. Ela merece ser lida por aqueles que pretendem ampliar suas alternativas de análise da realidade.