A semana que passou foi, sem dúvida, uma das mais graves, tensas e movimentadas que vi de perto durante os anos em que faço cobertura dos lances do poder. Já fotografei os mais graves tipos de crise institucionais: duas vezes o fechamento do Congresso, no período do regime militar; cassação de parlamentares; impasses; prisões; protestos e manifestações; ameaças de golpe de Estado; lutas entre situação e oposição; mortes; CPIs que deram em nada; brigas de toda monta; personagens marcantes do cenário político etc.
Nenhuma dessas crises, porém, teve duração tão longa e complexidade como a de agora, o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Pretendo fazer aqui nOs Divergentes, um retrospecto visual relacionado ao tema, esse que aflige os brasileiros nos últimos meses. Aproximar você que, por alguma razão, não pode estar diante do que vi. Por exemplo:
Fernando Collor, sentado em sua cadeira no Senado, pouco antes de o placar eletrônico anunciar o resultado da votação que afastou Dilma Rousseff do comando do País. O primeiro presidente da história do Brasil a sofrer impeachment, esperou com o semblante compenetrado o resultado da votação, com 55 votos a favor, 22 contra e uma abstenção. Pouco antes, subira à tribuna para fazer seu discurso:
– Em 1992, fui instado a renunciar na suposição de que as acusações contra mim fossem verdadeiras. Mesmo sem a garantia da ampla defesa pelo Congresso, em todas as fases, me utilizei de advogados particulares. Dois anos depois, fui absolvido de todas as acusações do Supremo Tribunal Federal. Portanto, dito pela mais alta Corte de Justiça do País, não houve crime. Mesmo assim, perdi meu mandato e não recebi qualquer tipo de reparação.
Orlando Brito