Ensaio – A batalha do impeachment. Depois do vendaval

O Salão Verde da Câmara vazio, após semanas de extrema movimentação por conta do processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff.

14″Depois do vendaval”, o filme dirigido por John Ford e levado às telas em 1952, é um dos clássicos do cinema. Um misto de drama, comédia e romance, narra a história de um lutador vitorioso que se apaixona pela irmã de um dos seus rivais nos ringues. O lutador, John Wayne, se casa com Maureen O’Hara, interessado em sua riqueza. Depois de marchas e contramarchas, o campeão se vê obrigado a enfrentar o cunhado, naquela que resultou numa tremenda e renhida luta.

O roteiro do cinema não tem ligação direta com o atual cenário da política brasileira. A não ser a mistura de drama, romance e comédia. Para nós, o drama fica por conta da verdadeira batalha que se trava nos três poderes de nossa República, com o envolvimento de operações policiais e do povo na rua, na luta pelo impeachment da Presidente. O romance, pelas paixões e interesses ideológicos. E a comédia, devido ao sem fim de lances que beiram o pitoresco.

Porém, tanto na ficção do filme como na realidade da política brasileira, depois dos momentos de aflição e de eletrizante movimentação, tudo parece voltar à serenidade. Somente depois do vendaval que assolou vida é que a normalidade voltou a reinar.

11 de março: o plenário da Câmara, repleto de parlamentares, aprova o afastamento da presidente. O mesmo plenário vazio, com sessões não deliberativas em decorrência de novo impasse: o comando da Casa pelo deputado Waldyr Maranhão, substituto de Eduardo Cunha, também afastado do mandato pelo Supremo,
11 de março: o plenário da Câmara, em sessão conduzida e repleta de parlamentares, aprova o afastamento da presidente. O mesmo plenário vazio, com sessões não deliberativas em decorrência de novo impasse: o comando da Casa pelo deputado Waldyr Maranhão, substituto de Eduardo Cunha, também afastado do mandato pelo Supremo.
Durante semanas, cartazes pendurados nos postes da Esplanada dos Ministérios clamam pela saída da presidente. Após seu afastamento, o clima de aparente normalidade está de volta.
Durante semanas, cartazes pendurados nos postes da Esplanada dos Ministérios clamam pela saída da presidente. Após seu afastamento, o clima de aparente normalidade está de volta.
Manifestantes comemoram na frente do Supremo Tribunal Federal a saída. Já nesse fim de semana, no mesmo lugar, famílias passeiam, serenas, em clima de tranquilidade.
Manifestantes comemoram com foguetes na frente do Supremo Tribunal Federal a saída do deputado Eduardo Cunha. Já nesse fim de semana, no mesmo lugar, famílias passeiam, serenas e alheias à política, em clima de tranquilidade.
A presidente Dilma em seu último passeio de bike nas cercanias do Palácio Alvorada. Depois, ciclistas pedalam sem os mesmos problemas da presidente.
Dilma Rousseff em seu último passeio de bike nas cercanias do Palácio Alvorada, seguida por um agente de segurança. Depois, ciclistas pedalam sem os mesmos problemas da presidente.
A presidente, em sua derradeira solenidade, canta o Hino Nacional, de mãos unidas às mulheres contrárias ao seu afastamento. Após, o fim da festa, cadeiras vazias e silêncio.
A presidente, em sua derradeira solenidade, canta o Hino Nacional, de mãos unidas às mulheres contrárias ao seu afastamento. Após, o fim da festa, cadeiras vazias e silêncio.
Senadores defensores de de Dilma pedem a palavra na sessão do Senado que aprovou seu afastamento. No dia seguinte, o mesmo palco em absoluto vazio.
Senadores defensores de de Dilma pedem a palavra na sessão do Senado que aprovou, com 55 votos a favor e 22 contra, seu afastamento. No dia seguinte, o mesmo palco em absoluto vazio.

 

Na despedida do Planalto, Dilma e Lula são aplaudidos e comemorados por admiradores de bandeira em punho. Agora, o retrato de paz (?) na rampa do palácio.
Na despedida do Planalto, Dilma e Lula são aplaudidos e comemorados por admiradores de bandeira em punho. Agora, o retrato de paz (?) na rampa do palácio.
Depois de marchas e contra-marchas, o vice Michel Temer assume o Palácio do Planalto e, ao lado de aliados, faz seu primeiro pronunciamento e dá posse aos ministros. Na mesma sala, o púlpito com o brasão da República e das bandeiras do Brasil e de presidente, com o microfone à espera de novas palavras sobre o novo governo.
Depois de marchas e contramarchas, o vice Michel Temer assume o Palácio do Planalto e, ao lado de aliados, faz seu primeiro pronunciamento e dá posse aos ministros. Na mesma sala, o púlpito com o brasão da República e das bandeiras do Brasil e de presidente, com o microfone à espera de novas palavras sobre o novo governo.

Orlando Brito

 

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