Sexta-feira de pura apreensão. De acordo com o despacho do juiz federal Sérgio Moro expedido ontem à tarde, o ex-presidente Lula tem até às 17 horas de hoje para apresentar-se espontaneamente à polícia para começar a cumprir a pena a que foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no processo do apartamento triplex no litoral paulista.
Enquanto isso, a defesa de Lula corre em busca de um artifício legal que evite sua prisão. A primeira ação, feita pelo advogado Zanin Martins, foi encaminhar ao Superior Tribunal de Justiça novo pedido de habeas corpus, com a alegação de que a ordem de prisão foi decretada antes de se esgotarem os recursos para manter o ex-presidente em liberdade.
Espera-se que o ministro Félix Fischer, relator dos processos da Operação Lava-Jato no STJ, examine o requerimento dos advogados de Lula antes de expirar o horário para sua apresentação. Caso isto não ocorra, é possível que o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, apresente ao plenário da Corte pedido de soltura do ex-presidente. Isto, porém, somente ocorreria na próxima quarta-feira.
Há, no entorno de Lula, quem defenda sua apresentação voluntária às autoridades, cumprindo a exigência de Sérgio Moro. Isto pode acontecer na sede da Polícia Federal em São Paulo, ou em Curitiba. Não se acredita que o ex-presidente vá afrontar a justiça.
O juiz determina que não seja usado, em nenhuma hipótese, o artifício de algemas. Em seu despacho, Sérgio Moro diz também que em respeito ao cargo que Lula ocupou, determinou que uma sala com características diferenciadas das celas da carceragem seja destinada para recebê-lo.
Na noite de ontem, Luís Inácio da Silva reuniu-se com demais lideranças do PT e de outros partidos aliados a ele, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, em São Paulo. Aliás, Lula passou a noite lá. Foi até a janela do edifício e acenou para as pessoas que foram prestar solidariedade a ele. A senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, ressalta que a prisão é ilegal.
Entre os vários nomes presentes estava a também ex-presidente Dilma Rousseff, a diretoria da CUT-Central Única dos Trabalhadores e o líder do MTST-Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos, que é pré-candidato do PSOL ao Planalto na eleição de outubro. Boulos falou do alto de um caminhão de som e exortou a militância a acompanhar Lula em todos os momentos.
Com certeza será uma sexta-feira de muita tensão, com manifestações de grupos contra a favor à prisão de Lula, batalha de opiniões jurídicas, conjecturas e notícias falsas — as tais fake news.