Semana de expectativas eletriza Brasília

Barricadas de ferro protegem o Congresso da multidão de manifestantes. Foto Orlando Brito

Esta semana será eletrizante na seara do poder, com vários temas de alta relevância em pauta nas principais instituições da República. Chegou a hora da definição. Assuntos que estavam no freezer vão agora para o forno. São questões antigas e outras relativamente novas que inquietam a sociedade.

Ministros Cármen Lúcia, Celso de Mello e Marco Aurélio. Foto Orlando Brito

Na quarta-feira, o Supremo retoma a sessão interrompida na semana retrasada sobre a aceitação ou não do habeas corpus preventivo para o ex-presidente Lula, condenado a 12 anos de prisão pelo Tribunal Regional Federal, de Porto Alegre, por corrupção e lavagem de dinheiro. Caberá à ministra Cármen Lúcia, presidente da Corte, conduzir os trabalhos. Com certeza será ponteada pela tensão e repleta de expectativas.

Fãs de Lula presentes na Praça dos Três Poderes; Foto Orlando Brito

Fora do plenário do STF, o clima não é nada bom e os ânimos dos manifestantes contrários e a favor devem se exaltar. São aguardados em torno de 30 mil militantes, adeptos de ambos os lados para protestos na Praça dos Três Poderes e em frente ao Congresso. O chamado esquema de segurança está montado para que tudo transcorra sem conflito. Porém, as condições são muito propícias para o confronto.

Manifestação pela prisão de Lula. Foto Orlando Brito

Para muita gente, no caso de a Suprema Corte dar a Lula o direito de não ser preso após condenação em segunda instância da justiça, estará criando precedente que pode beneficiar réus em situação parecida. Pode gerar consequências incalculáveis. Entre muitos exemplos está o ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso na Penitenciária da Papuda, em Brasília. E também o ex-deputado Eduardo Cunha, que cumpre pena em Curitiba, condenado na Operação Lava-Jato.

Outro assunto que movimentará a capital é a substituição dos ministros que deixarão ou não os cargos para cumprir a exigência das desincompatibilizações e estarem aptos concorrer na eleição de outubro. Uns, são candidatos à presidência da República. Outros, aos governos estaduais, ao Senado ou à Câmara dos Deputados. Isto tem prazo e a hora é chegada: dia 6 próximo, a sexta-feira. Se saberá, afinal, quem fica e quem sai.

Henrique Meirelles filia-se ao PMDB, de olho no Planalto – Foto Orlando Brito

Henrique Meirelles já declarou que pretende enfrentar as urnas. Seja como candidato ao Planalto, seja como vice de Temer. Quer trocar o Ministério da Fazenda por mandato eletivo. Amanhã, terça-feira, assinará ficha de filiação ao MDB.

O presidente Michel convocou reunião com os principais auxiliares para discutir quem ocupará os cargos que restarem vagos. O economista Eduardo Guardia deve assumir a Fazenda. E para o Planejamento, há ainda duvidas se irá Mansueto Almeida ou Esteves Colnago. Hoje, Gilberto Occhi toma posse na Saúde, e Valter Silveira, nos Transportes.

Aguarda-se para essa semana o desfecho ou andamento de dois temas que surgiram na semana passada e que abalaram as estruturas da política: os tiros no ônibus da caravana de Lula no Paraná e a prisão de pessoas ligadas ao presidente Temer, em São Paulo. No caso de Lula, é possível seja anunciado o resultado da perícia técnica. No caso de Temer, não se prevê nenhum passo adiante. Porém, ambos os assuntos estarão ainda açulando as tensões.

No Congresso, a semana passada teve movimento zero, como era de se esperar por conta dos feriados. Nada de votações, nem plenários cheios. Agora, porém, com o fim do prazo para a mudança de partidos, muitos parlamentares se apressarão em definir de trocam ou não de legenda. Espera-se também uma profusão de candidatos a presidente da República em Brasília. Todos de olho no desenrolar dessas questões, essenciais para o futuro de suas campanhas.

O piso da Praça dos Três Poderes forrado de pedras portuguesas que podem ser usadas como ovos pelos manifestantes. Foto Orlando Brito

 

 

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