Uma das características das capitais de todos os países é ser palco de protestos dos cidadãos descontentes com as autoridades. É para as sedes do governo que manifestantes de todos os tipos e assuntos se dirigem para dizer de suas reivindicações. É assim, por exemplo, com Paris, Washington, Buenos Aires, México e, enfim, mundo a fora. Não é diferente com Brasília.
Não há uma semana em que a capital do Brasil deixe de receber na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes caravanas de manifestantes que se instalam na vasta área verde em frente ao Congresso com a finalidade pressionar nas votações de seu interesse na Câmara ou no Senado. E também acompanhar os processos em julgamento nos tribunais superiores. São sindicalistas, representantes de classes, centrais de trabalhadores.
E são muitas as pessoas que fazem seu “discurso”, democraticamente. Cada uma a seu modo. Às vezes, de maneira até incompreensível e pouco lógica, porém bem humorada. Exemplo disso são essas duas exóticas figuras aí da foto que se fantasiaram de Extra-Terrestre e de Tiradentes para ilustrar seu protesto.
Obviamente, nesse caso, não há muita coerência do ET vestido de verde nem a mirabolante entrada do Vietnã na história do nosso Mártir da Independência. Pense na lógica do diálogo entre essas duas figuras.
Quando vi a cena, não perdi a chance de transforma-la em foto. Mas, sobretudo, me lembrei na hora de Zé Limeira, o lendário Poeta do Absurdo, que varou os confins da Paraíba no início do século passado. Seu objetivo era rimar. Não lhe interessava a verossimilhança da história. Queria mesmo era fazer render rima o seu pensamento, pouco lhe importando que absurdo pudesse resultar. Por exemplo:
O meu nome é Zé Limeira.
De Lima, Limão , Limansa
As estradas de São Bento
Bezerro de Vaca Mansa
Valha-me, Nossa Senhora
Ai que eu me lembrei agora:
Tão bombardeando a França
E ainda:
Quando Dom Pedro Segundo
Governava a Palestina
E Dona Leopoldina
Devia a Deus e o mundo
O poeta Zé Raimundo
Começou castrar jumento
Teve um dia um pensamento:
Tudo aquilo era boato
Oito noves fora quatro
Diz o Novo Testamento!
E mais:
O velho Tomé de Souza
Governador da Bahia
Casou-se no mesmo dia
Passou a pica na esposa
Ele fez que nem raposa
Comeu na frente e atrás
E passou pelo caís
Onde o navio trafega
Comeu o padre Nobrega
E os tempos não voltam mais
Ou
A desgraça de Sansão foi trair Pedro Primeiro.
Semente de marmeleiro …
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