“Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade” é uma das frases mais célebres atribuídas a Joseph Goebbels, o temível Ministro da Propaganda na Alemanha Nazista entre 1933 e 1945. O governo Temer se esmerou nas últimas semanas em embalar mentiras nos bons veículos do ramo crente de que pode consegue antecipar vitórias em batalhas que já nasceram perdidas. A primeira insensatez, com ares de improbidade no uso de dinheiro público, pôde ser visto nas bancas no último fim de semana. A última edição de três das quatro principais revistas semanais brasileiras, Veja, Época e IstoÉ – Carta Capital foi tirada do rachuncho -, exibem uma interessante coincidência nas capas, tomadas por uma propaganda do governo federal em defesa da reforma da Previdência. Istoé Dinheiro também foi às bancas com a capa publicitária. As revistas ainda estavam quentes nas bancas quando o governo desistiu das reformas e partiu para a alternativa intervenção militar.
No anúncio, com a logomarca do governo federal e um aviso de que se tratava de uma sobrecapa publicitária, a foto de um menino e o texto “Reforma da Previdência hoje para ele se aposentar amanhã”. Desde meados de 2017 o governo gastou uma pequena fortuna em inserções, especialmente na TV aberta, com mensagens a favor da reforma. Quem passou nas últimas semanas pelos aeroportos brasileiros também viu banners e vídeos nesse sentido. No ano passado, o governo destinou 170 milhões para despesas com comunicação no Orçamento. Entre janeiro e junho, havia executado 100 milhões, incluídos os anúncios em defesa da reforma da Previdência. De acordo com informações veiculadas em dezembro, à época a equipe de comunicação do Planalto planejava outros 72 milhões nos últimos dias para tentar diminuir a resistência da opinião pública e reduzir o temor de sua base de enfrentar as urnas no ano que vem.
Hoje, o governo bipolar publica, em duas meias páginas, apenas no Globo, um anúncio – sem assinatura de agência – no mínimo arriscado, vendendo a ideia de que a vitória na intervenção militar no Rio é só uma questão de tempo. “O governo, que está tirando o país da maior recessão de sua história, agora vai tirar o Rio de Janeiro das mãos da violência”. De novo, a imagem de uma família sorridente, dessa vez com a praia do Leblon ao fundo. Numa leitura subliminar: ataca-se os morros e comunidades com pobres – não se tem notícia de cercos a prédios na Vieira Souto ou a condomínios na Barra da Tijuca -, devolve-se a paz à classe média e aos ricos da Zona Sul. Alguém disse que as campanhas do governo parecem anúncio de banco – e é verdade. Ganham os mesmos. Perdem os de sempre.
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