Na tarde do dia 2 de fevereiro de 2016, o Congresso fazia festa para a cerimônia de reabertura do ano legislativo. A presidente da República, Dilma Rousseff, chegava na hora marcada para o início da sessão solene, com direito a banda música, cumprimentos e abraços. Na principal mesa do plenário, ao seu lado, os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha.
Os três discursaram. Em sua fala, Dilma não se referiu ao perigo que seu mandato de presidente corria, uma vez que Cunha havia acatado dois meses antes, em 2 de dezembro de 2015, o pedido de seu impeachment. A senhora Rousseff exortou os parlamentares ao diálogo e defendeu a recriação da CPMF como fórmula de Brasil retomar o equilíbrio fiscal.
Renan disse que: – O sistema presidencialista impõe o protagonismo do presidente da República. A economia do País cobra por reformas estruturantes e por um conjunto de ações políticas e econômicas… Neste sentido devemos agradecer a presença da presidente da República a esta solenidade. É, sem dúvida, uma demonstração de quem busca o diálogo e procura soluções.
Eduardo Cunha, assim como Dilma Rousseff e Renan Calheiros também não fez referência ao principal tema que dominava os ares da política, o impeachment da presidente da República: – A Câmara dos Deputados, assim como o Senado Federal, deve ter as suas propostas para contribuir com a melhoria do ambiente econômico e político, conforme o entendimento predominante do Congresso, embora ele possa não ser coincidente com o almejado pelo Poder Executivo. Isso faz parte da democracia.
Passados dois anos, o destino de cada um mudou. Renan Calheiros não mais preside o Senado. Hoje se esmera, em Alagoas, para manter seu mandato nas eleições de outubro próximo. A senhora Rousseff sofreu impeachment, após um terrível agitado processo que abalou todos os setores não somente da política, mas também da sociedade. Agora, divide sua moradia entre o Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Já Eduardo Cunha, assim com Dilma, também acabou perdendo seu mandato, em 12 de setembro de 2016. Numa longa sessão, foi vencido por 450 votos a 10 e teve que deixar a presidência da Câmara Federal. Em seguida, acusado em processos por vários crimes por corrupção, foi julgado e condenado na Operação Lava-Jato. Está preso no Complexo Penitenciário de Curitiba.