Falando para dirigentes das centrais sindicais reunidas no instituto que leva seu nome, em São Paulo, o ex-presidente Lula afirmou que estará, sim, em Porto Alegre amanhã. Quer estar perto de seus aliados no dia em que o Tribunal Federal Regional da Quarta Região julgará o recurso de sua defesa contra a condenação de nove anos e meio pelo juiz Sérgio Moro no processo de compra irregular do triplex no Guarujá e por corrupção.
No discurso Lula afirmou que se o resultado lhe for desfavorável, qualquer que seja a decisão dos juízes do TRF-4, irá recorrer à justiça nas instâncias devidas. Disse também que não há provas de sua culpa, reclamou das notícias desfavoráveis publicadas pela mídia acusando-o. E que, na verdade, quem está sob julgamento não é ele propriamente, mas sim sua forma de governar.
O ex-presidente conclamou a militância do Partido dos Trabalhadores a acompanha-lo na caravana que irá liderar saindo de Porto Alegre com destino a São Borja, no dia 27. Segundo Lula, a ida à cidade natal de Getúlio Vargas é uma homenagem ao presidente que valorizou os operários.
Em sua fala, Lula disse que não tinha em mente concorrer à Presidência da República, mas “diante de tantas acusações injustas” decidiu que quer ser julgado não pelas pessoas que o odeiam, mas pelos que gostam dele.
– Me sinto tranquilo, mas magoado.
O governo do Rio Grande do Sul e a prefeitura de Porto Alegre montaram esquema especial de segurança para acompanhar as manifestações durante o julgamento de Lula, com apoio de forças federais. Calcula-se que estarão na capital gaúcha em torno de cinco mil pessoas de grupos contrários e a favor da confirmação da pena do ex-presidente. Cento e cinquenta câmaras montadas pela brigada militar irão auxiliar no monitoramento dos acampamentos. As áreas próximas da sede do Tribunal Federal da Quarta Região terão circulação restrita a partir de hoje à tarde.
Porto Alegre vive clima de tensão jamais visto nos últimos anos. Teme-se confronto entre os militantes de ambas as torcidas. Lá estão, de um lado, grupos do Movimento dos Sem Terra, da Via Capesina, filiados às centrais sindicais e simpatizantes e líderes do PT. De outro, ativistas do Movimento Brasil Livre.