Quem é o plano B de Lula? Não, o PT não tem plano B, soletram petistas, como os senadores Gleise Hoffmann, presidente do partido, e Lindbergh Farias. “Esqueça essa história de plano B. Nosso plano A, B, C, D, E, F é o Lula”, entoou Lindbergh, durante reunião das bancadas do PT com Lula na semana passada. Seria mesmo estupidez o PT admitir o contrário. Enquanto o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, não bater o martelo, por mais que se saiba que o julgamento do recurso de Lula, marcado para o dia 24 de janeiro, tem votos marcados, o PT não pode admitir que exista a busca por uma alternativa. A cúpula petista, ao contrário, tem feito um tremendo esforço para acalmar o partido até o julgamento que pode tornar o ex-presidente inelegível. Depois desta data, porém, por mais recursos que Lula tenha pela frente, as favas eleitorais estarão meio que contadas.
Lula é o primeiro a não querer ser um candidato sub judice, nem agora, muito menos na reta final da campanha, quando poderia ser tarde demais para viabilizar um substituto. Por isso, sim, o PT tem planos B, C, D e E. Só não tem ideia ainda a qual recorrer.
Primeiro é preciso que se diga que, entrar como coadjuvante em uma chapa já lançada, está descartado pelo PT. Seria diminuir sua história recente, e sua responsabilidade após a ascensão de Michel Temer e seus miquinhos amestrados do PMDB. Portanto, apoiar a presidenciável do PCdoB, Manuela D’Ávila, ou o líder dos sem-teto, Guilherme Boulos, que deve ser lançado pelo PSOL, está fora de questão. Mais provável que Manuela e Bouolos, cujas candidaturas visam frisar estas forças partidárias, apoiem Lula ou seu eventual substituto, talvez até antes de um segundo turno.
O plano mais surpreendente vem do mesmo Paraná de Sérgio Moro, o dono da sentença que pode inviabilizar Lula. E, mais assombroso ainda, é um peemedebista – ressalte-se, do chamado PMDB autêntico, dos tempos de resistência à ditadura militar. O senador Roberto Requião vem sendo cotado para vice de Lula, mas as circunstâncias podem exigir um esforço adicional. O que incluiria fazer algo que Requião sempre descartou: deixar o PMDB e achar outro espaço partidário. Ele já sinalizou que topa.
Substituto da “moda”, o ministro-chefe da Casa Civil, das Relações Institucionais, do Trabalho e da Defesa de Lula e Dilma, Jaques Wagner, é o nome mais citado no momento. Mas, segundo quem conhece bem as cabeças estreladas, é o que tem menos chance. A começar pelo fato de Wagner, até onde consta, ser o menos interessado na missão. O nome de Wagner foi quase solenemente lançado pelo jornalista Elio Gaspari, em sua coluna nos jornalões, o que, ao contrário de confirmar, enfraquece a tese. Há algum tempo, o blog O Antagonista, que igualmente conhece pouco de PT, também citou Jaques Wagner. Com cabos eleitorais assim, o ex-governador da Bahia não precisa de inimigos. O próximo coleguinha tucano que indicar Wagner pode pedir música no Fantástico.
O nome com mais chances no momento já o era meses atrás. O ex-ministro da Educação, que deixou a prefeitura de São Paulo, no final de 2016, Fernando Haddad, se credencia cada vez que nega ter sido sondado para a missão espinhosa. Haddad tem quem faça a defesa por ele. Como o ex-governador gaúcho Tarso Genro, que aposta em Haddad como substituto de Lula. “Se Lula não for candidato, acho que ele (Haddad) deve ser candidato”, disse, sem meias palavras, Tasso, durante evento em Porto Alegre. Um problema é que o ex-ministro José Dirceu fez circular no PT que, se Lula apoiar Haddad, ele, Dirceu, irá de Ciro Gomes, o presidenciável do PDT.
E aí vem o plano B – ou C, de Ciro. Talvez seja o mais improvável. E não facilita as muitas vezes em que o ex-governador do Ceará e ex-ministro do primeiro governo Lula, já criticou a gestão petista. Pior do que isso foi o comentário de Ciro, que passou desapercebido por muita gente, depois da definição da data do julgamento de Lula. “Justiça boa é a rápida”, disse Ciro, em vídeo. Ciro diz ter esperança na absolvição do petista para que ele possa “do alto das pesquisas” de intenção de voto “desarmar essa bomba odienta em que a política brasileira está se transformando”. Como sempre, Ciro já tinha falado demais.