O espanhol J. J. Benitez é autor da série de best-sellers chamada Operação Cavalo de Tróia. Com narrativa dinâmica e de fácil compreensão, os oito livros prendem a atenção da primeira à última página. Deixa o leitor na dúvida entre estar em contato com episódios saídos da imaginação do escritor ou com fatos realmente acontecidos.
Na verdade, é uma hábil variação de histórias sobre o mesmo tema: as aventuras de dois pilotos da Força Aérea dos Estados Unidos que trabalham numa pesquisa secreta do governo americano em Israel.
A bordo de um sistema de interferência no tempo, os militares acompanham os últimos dias da passagem de Jesus Cristo pela Terra. Uma muito bem encadeada fusão de épocas, recheada de mitos e surpresas. Quando estão “vivendo” no passado, os militares de Benitez assumem os corpos de Jasão e Elizeu, discípulos do Filho de Deus. Participam de pregações e do dia-a-dia da caravana de cristãos. Quando voltam ao hoje, são um major e um tenente pesquisadores que comparam os detalhes que colheram daquela época com as referências da atualidade. “Cavalo de Tróia”, enfim, é surpreendente e instigante. Não é a toa que somente no Brasil Juan José Benitez vendeu em torno de dois milhões de exemplares.
Como foi – Redação de jornal, revista e portal tem vocabulário próprio para designar peças do jornalismo. “Boneco” é uma delas. Boneco é aquela imagem que o fotógrafo não só deve como tem a obrigação de construir, elaborar. Bem, ao contrário dos fatos que ele registra sem poder interferir em nenhum momento. Um bom boneco é aquele que permite ao leitor maior rapidez de compreensão daquilo que está vendo. Comunicação fácil. Boa iluminação. Você dirige a cena. A pose do personagem deve criar uma relação visual agradável dele com o leitor. Também faz parte da receita, acrescentar ao cenário algum elemento que façam uma ligação do retratado com o tema em questão. Por esta razão, sempre cuido de mapear ambientes para usar quando for caso.
No caso de Benitez, era um boneco para ilustrar uma resenha de Veja, na sessão Literatura. Eu já conhecia os livros do escritor nascido em Pamplona, na Espanha, e sabia que neles havia ao mesmo tempo algo de cósmico e religioso. Recorri ao meu “mapa de locações”. Lembrei-me da catedral de Brasília. Ali estava o contraste ideal para ambientá-lo: as esculturas dos evangelistas Mateus e João que, assim como Jasão e Elizeu, seguiram Cristo e suas peregrinações. Além disso, tinha as formas futuristas do batistério oval, que também faz parte da bela obra de Oscar Niemeyer. Foi o caminho que tomei para dar a esse “boneco” de Juan José a atmosfera de mistério, tal e qual há em seu livro.