A unanimidade dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) pela suspensão do mandato de deputado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pegou de surpresa seus aliados.
Quando Teori Zavaski decidiu, pela manhã, conceder a liminar pelo afastamento em decisão monocrática, os aliados de Cunha ainda acreditavam que o plenário do Supremo derrubaria a medida, deixando o assunto para a decisão de mérito do pedido feito pelo procurador-geral da República, o que levaria a questão para daqui a alguns meses.
Até a votação pelo plenário do STF, os líderes aliados ao presidente da Câmara planejavam divulgar um manifesto de protesto, que já estava assinado por boa parte deles. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR) chegou a demonstrar o descontentamento do grupo em entrevista a Os Divergentes.
Mas a decisão unânime do Tribunal referendando o relatório de Zavaski fez seus aliados jogarem a toalha.
Ficou claro durante o pronunciamento dos ministros que Zavaski não decidiu sozinho: ele passou a madrugada elaborando o relatório sob consulta constante a seus pares.
A versão que corre na Câmara é de que Zavaski resolveu apressar seu relatório para evitar que uma ação semelhante passasse antes por outro relator. Tratava-se da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) apresentada pela Rede que pedia a destituição de Cunha da Presidência e a anulação de todos seus atos no comando da Câmara.
O presidente do STF, Ricardo Lewandoski, passou a relatoria desse processo ao ministro Marco Aurélio Mello o que teria deixado Zavaski irritado.
“Parece que estavam armando para derrubar a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, decidida aqui na Câmara sob a presidência do Eduardo Cunha”, declarou o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM).