Não é ainda possível prever que alcance terá a decisão do Supremo Tribunal Federal ao julgar nesses dias a questão da prisão de condenados em segunda instância da Justiça. O próprio presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, disse na abertura da sequência de sessões que a decisão não tem endereço nominal, ou seja, não visa beneficiar ou não esse ou aquele personagens.
Mas vale destacar que há nomes muito importantes à espera desse julgamento, além, por exemplo, do ex-presidente da República, Lula da Silva. E também o ex-presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha.
Aliás, Eduardo completa nessa semana três anos de prisão. Há 36 meses, em 19 de outubro de 2016, ele era transportado de Brasília para Curitiba pela Polícia Federal, como um dos principais alvos da Operação Lava-Jato.
Cunha era acusado em nove processos de corrupção, a maioria ligados a transações lesivas à Petrobrás, e foi condenado a mais de 15 anos de prisão pelo então juiz Sérgio Moro. Acusação principal: receber propinas que somaram quatro milhões de reais em contrato de exploração de um campo de petróleo no Benin, na África.
Ao desembarcar em Curitiba, Eduardo Cunha, foi levado diretamente para a sede da Polícia Federal, onde agora também está preso o ex-presidente Lula. Durante o voo, Cunha ficou algemado à cadeira do avião. Faz parte do protocolo de transporte aéreo de presos.
No dia seguinte pela manhã, foi escoltado por agentes policiais até o Instituto Médico Legal de Curitiba, onde fez exame de corpo de delito. Depois, retornou à Superintendência da PF e ficou à espera de ser ouvido por Sérgio Moro.
O ex-deputado passou as noites numa cela de 12 metros quadrados, sozinho. Segundo a PF, tem uma cama beliche e uma pequena mesa de cimento, uma pia e um vaso sanitário. Eduardo Cunha tem horário de banho de sol diariamente, porém sem ter contato com demais personagens-alvo da Operação Lava-Jato, por exemplo o ex ministro Antonio Palocci e o empresário Marcelo Odebrecht, hoje em liberdade
Atualmente, o ex-deputado ocupa uma cela no Complexo Médico Penal de Pinhais, nas cercanias da capital do Paraná. Lá, todo presidiário tem que cumprir tarefas destinadas a eles pela direção da penitenciária. A função de Eduardo Cunha é servir as marmitas de refeição aos seus colegas de prisão.
Recordando, em junho de 2016, o então ministro do Supremo Teori Zavascki determinou a suspensão de Cunha da Presidência da Câmara e, logo depois, o próprio Cunha renunciou ao posto. E em 13 de setembro, o plenário da Câmara decidiu pela cassação de seu mandato.
Em dezembro de 2015, quando era ainda presidente da Câmara, Eduardo Cunha aceitou o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff e ela acabou sendo destituída do Planalto. Agora, a prisão de Cunha gera grande expectativa nas esferas do poder. Receiam que seus depoimentos perante os procuradores ou mesmo um eventual acordo de delação premiada ponha na linha da justiça outros grandes nomes da República.