Castor de Andrade foi das figuras mais famosas da cena carioca. Seu negócio era o jogo-do-bicho. Foi também presidente do Bangu Futebol Clube. Na verdade, dono. Comprava jogador, vendia, escalava o time e até entrava no campo para defendê-lo, como fez certa vez num jogo contra o América, em pleno Maracanã. Ao ver o juiz marcar um pênalti contra sua equipe, não teve dúvida, adentrou o gramado de revólver em punho e sugeriu ao árbitro que apitasse outro a seu favor. O Bangu ganhou a partida com um gol de pênalti. Além dos jogos, outra paixão de Castor era o samba.
Foi patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel, campeã por cinco vezes no período em que ele determinava tudo na escola. Assim como no Bangu, na Imperatriz ele também entrava em campo. Aliás, na passarela. Vestido de verde e branco, as cores da Mocidade, desfilava como passista no sambódromo.
O império de Castor de Andrade começou a ruir quando a juíza Denise Frossard determinou a prisão dele e de outros treze chefões da contravenção no Rio. No carnaval de 1993, fez um audacioso desafio à justiça. Com a transmissão ao vivo pela TV no início do desfile na Sapucaí, discursou condenando a perseguição aos bicheiros. No ano seguinte, o procurador Antonio Carlos Biscaia autorizou a invasão da fortaleza de Castor. Foram encontrados documentos que levaram a condenação dele e de vários de seus colaboradores.
Preso, Andrade transformou as celas em suítes de hotel cinco estrelas. Mandou instalar ar refrigerado, colocar televisão a cores, frigobar, fazia jantares regados a champagne e caviar. Com problemas cardíacos, conseguiu prisão domiciliar em seu apartamento da Avenida Atlântica. Morreu numa tarde de março de 1997, aos 71 anos, sentado a uma mesa de jogo de cartas na casa de um compadre no Leblon.
Orlando Brito