Em setembro de 2005 o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, renunciava à presidência daquela Casa, acusado de receber propina do proprietário de um restaurante que atendia a parlamentares, visitantes e servidores, no 10º. andar do Anexo IV. Segundo comprovou-se, era uma fonte de renda fora do convencional que Severino acertou com o empresário quando era ainda primeiro-secretário da mesa diretora, e que veio à tona assim que assumiu a presidência.
Um grupo de parlamentares, liderado pelo então deputado do Rio, Fernando Gabeira, fez representação formal na Corregedoria da Câmara contra Severino por falta de decoro. Cavalcanti não resistiu à pressão e acabou renunciando à Mesa antes de ser julgado pelo plenário. Depois, disse em entrevista: – Fui punido por coisa pequena!
O ano de 2005 ficou marcado na história política brasileira por ser o início do escândalo conhecido como Mensalão. “Mensalão” era um esquema montado entre partidos e o gabinete presidencial no Palácio do Planalto, para contemplar com dinheiro parlamentares que garantiam ao governo maioria nas votações no Congresso. A história subiu à tona depois de denúncias por intrigas e interesses contrariados. Em decorrência, vieram trocas de acusações, brigas, CPIs, Polícia Federal, diligências, perícias, provas, julgamento no Supremo. Culminou com a queda, condenação e prisão de nomes de alto coturno envolvidos no caso. Foram tempos turbulentos em que se reivindicava tudo, inclusive o impeachment do então presidente, à época, Lula.
Hoje, aos 86 anos, Severino Cavalcanti vive em sua cidade natal, João Alfredo, no interior de Pernambuco, onde começou na política. Em 2006, tentou voltar à Câmara Federal, mas sua votação não foi suficiente.