O indiano Zubin Metha é um dos maestros mais premiados do mundo. Seu estilo é marcante, tem dinâmica musical própria, mescla leveza e força ao mesmo tempo. Nascido em Bombaim, é cidadão honorário de várias cidades da Europa, das Américas e do Oriente.
A mãe Tehmina e o pai Mehli, violonista reconhecido, o matricularam na escola de medicina. Mas, de férias em Viena, o jovem Zubin descobriu sua verdadeira vocação: a música. Aos 18, largou a faculdade de ciências médicas e entregou-se às partituras.
Em 1958, com apenas 22 anos, na Áustria, fez sua estréia como regente. De lá até hoje – agora oitentão – já tomou da batuta para conduzir as mais qualificadas sinfônicas nos teatros e óperas de todos os continentes. Suas obras prediletas são de Mozart, Puccini, Beethoven, Tchaikowisky ou demais compositores clássicos de primeiro time.
Zubin Metha Foi casado com a soprano canadense Carmen Lasky até 1967. Depois de divorciar-se, uniu-se à atriz de tevê e produtora de filmes americana Nancy Kovack, mais alta que ele 15 centímetros. Atualmente é o diretor artístico da Orquestra Filarmônica e Israel. Tem cidadania americana. É o que podemos denominar de cidadão do mundo.
Como foi essa foto em Brasília? – A gente encontra no dia-a-dia do jornalismo personagens tão previsíveis quanto surpreendentes. Mas o maestro Zubin Metha fica para o segundo exemplo. É uma figuraça. Bem humorado, espirituoso.
Há alguns anos, veio a Brasília para reger um concerto na Sala Villa-Lobos e o reconheci acompanhado da então namorada Nancy, passeando como simples turistas na Praça dos Três Poderes, o lugar mais procurado pelos visitantes da capital. É também passagem obrigatória para quem vai do prédio do Supremo para o Palácio Planalto, como era o meu caso.
Descontraído, ele se esmerava para acertar o foco da própria câmera, tentando enquadrar miss Nancy com o Panteão da Pátria ao fundo. Ofereci-me para fazer uma foto do casal. Sorrindo, aceitou, dizendo que o forte dele não era a imagem, e sim, o som.
Juntinhos, fizeram pose, fotografei-os com a câmera dele. Perguntei-lhe sobre o que estava achando da arquitetura de Niemeyer. Respondeu-me que em sua agenda de viagens estão sempre cidades tradicionais, antigas, clássicas. Mas, assim como sua maneira de reger, sentia que a capital do Brasil é leve, limpa e moderna.
Ao despedir-se, o maestro não perdeu a chance de fazer um galanteio para a jovem esposa, Nancy Kovack. Pilheriou dizendo que em seu país há um provérbio conhecido: à frente de um pequeno homem há sempre uma grande mulher. E fez essa pose, escondendo-se às costas da risonha senhora.
Orlando Brito