No ano de 1991, recebi uma bolsa da hoje extinta Fundação Vitae, de São Paulo. Meu projeto era fotografar e entrevistar brasileiros oitentões que atingiram a notoriedade. Listei em torno de cem nomes de várias áreas de atuação e percorri o país para retratá-los.
Por conta disso, estive com a escritora Raquel de Queiróz, com o sertanista Orlando Villas-Boas, o ator Grande Otelo, os compositores Zé Kéti e Mário Lago. Também com o flautista Altamiro Carrilho, com o poeta e embaixador João Cabral de Mello Neto, o urbanista Lúcio Costa, o paisagista e pintor Burle Marx, o jogador Leônidas da Silva, o cantor Silvio Caldas, o maestro Camargo Guarnieri, o deputado Ulysses Guimarães, a ex-primeira dama Sarah Kubitschek, o cardeal Dom Hélder Câmara, o jurista Sobral Pinto, o médico Jesus Zerbini, o poeta e jornalista Mário Quintana, entre outros.
Evidentemente, da minha coleção de famosos não poderia faltar o arquiteto Oscar Niemeyer. Quando dei por concluído o trabalho, publiquei um livro que ganhou o título de “Senhoras e Senhores”. Às perguntas sobre a fama, a idade e o melhor momento de sua vida, respondeu-me:
– A arquitetura sempre me fascinou. Mas, além da profissão, as pessoas devem ter um espaço, para pensar na própria vida, nos amigos e, mais ainda, nesse país cheio de problemas, contradições e desigualdades.
– Certa vez entrei num cinema em Paris para assistir a um filme que estava em cartaz, “O Homem do Rio”. De repente as pessoas começaram a aplaudir uma cena que mostrava a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes de Brasília. Permaneci quieto, anônimo e feliz. Foi o maior elogio que recebi em minha vida.
– Não acredito nas pessoas simplesmente pelas obras que realizaram e se tornaram famosas. Não creio na vaidade. Creio na grandeza.
Orlando Brito