Fazia tempo, desde que deixou a vida pública, em fevereiro de 2015, eu não via Pedro Simon. Logo Simon, que fotografei pela primeira vez ainda em 1979, quando foi eleito senador pelo Rio Grande do Sul em pleno regime militar, na Era do general Ernesto Geisel na presidência da República, quando PMDB era ainda MDB.
A defesa da moralidade pública e o combate à corrupção marcam a vida política de Pedro Simon. Aguerrido e bom orador, esteve na linha de frente da oposição aos governos militares. Raras foram as vezes que não calou as vozes e chamou a atenção de todos ao discursar em defesa democracia e da liberdade. Foi ministro da Agricultura no governo Sarney, governador do Rio Grande do Sul e senador por quatro mandatos.
Simon esteve nos palanques do Diretas-Já, ao lado e Ulysses, Tancredo, Montoro, Fernando Henrique, Teotônio e outras estrelas da política. Criticou o Mensalão, apoiou o impeachment de Collor, lutou pela Anistia, deu contribuição importante na elaboração de Constituição 1988.
Fiquei surpreso ao vê-lo semana passada no Salão Verde da Câmara, quando o Congresso vivia uma das muitas crises desse ano: o ministro Luiz Fux, do Supremo, determinando que a Câmara dos Deputados reveja a tramitação da lei anticorrupção.
O velho senador estava lá nesse dia por mera coincidência. Sozinho e calado. Na verdade, solitário. Observava o vaivém de parlamentares, assessores, jornalistas, visitantes. O local era o Salão Verde do Congresso, palco que ele, Pedro Simon, frequentou durante anos, sempre em defesa da democracia e da liberdade e, sobretudo, emprestando sua experiência e ponderação para resolver crises.
Impressionante! Poucos, pouquíssimas pessoas o reconheceram. Com exceção do senador Cristovam Buarque. Quase ninguém parou para ouvir ou tomar uma impressão de Pedro Simon sobre a complexidade do momento.
Agora, residindo novamente no Rio Grande do Sul, sua terra natal, e às vésperas de completar 81 anos, está longe do dia-a-dia da política. Pedro Simon mantém o hábito de ir à missa das nove nos domingos. Sua igreja predileta é a da Ordem Terceira de São Francisco, em Porto Alegre,