O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, aproveitou o almoço de fim de ano com os donos dos bancos para tranquilizá-los de que não haverá nenhuma aventura neste processo de redução de taxas de juros.
“Todos nós queremos juros mais baixos. Esse também é o desejo do Banco Central. A questão é como chegar lá. Para isso, é importante que a redução dos juros seja feita de forma responsável, para que seja sustentável no longo prazo”, disse Ilan Goldfajn.
Ele explicou olho-no-olho aos banqueiros da Federação da Associação de Bancos (Febraban) que a política monetária não pode ser confundida com debate sobre juros estruturais da economia, que dependem do ajuste fiscal, produtividade da economia e incertezas de mercado, coisas que estão fora do alcance do BC.
“Por isso temos insistido na necessidade das reformas. São elas que farão cair os juros estruturais”, disse, lembrando a importância de reduzir as incertezas na economia e política para que o país possa voltar a crescer com investimento e aumento da produtividade.
E como as reformas vão demorar e as incertezas políticas tendem a aumentar, deu a conversa dos juros por encerrada e anunciou aos bancos uma agenda de trabalho com quatro pontos: redução sustentável e perene do custo do crédito; aumento da eficiência do sistema financeiro; fomento da cidadania financeira em defesa dos correntistas e aprimoramento do arcabouço legal que rege as atividades e competências do Banco Central, inclusive sua autonomia.
É o tipo de conversa que banqueiro gosta de ouvir. Com juros altos ou baixos, sempre estão ganhando dinheiro. Mas preferem, é claro, as taxas elevadas que lhes permitem lucro astronômico nas operações de compra e venda diária de papéis do Tesouro.