No Brasil, esse negócio de empreiteira de obra pública é realmente muito complicado. As histórias não ficam só entre aquelas envolvidas na Operação Lava Jato.
Cada vez que você mexe com uma empresa, vai descobrindo que ela está metida em diversas irregularidades. Sempre junto a figuras carimbadas da política.
Veja agora o caso da ciclovia que desabou no Rio de Janeiro, matando pelo menos duas pessoas.
A empresa responsável é a Concremat. Na 12ª Vara Federal de Brasília há um processo contra ela por fraude nos aeroportos de Macapá, Fortaleza e Santos Dummond, sob a acusação de fraudes e superfaturamento.
O processo é datado de 2007 mas não anda.
A Polícia Federal chegou a pegar em gravações o dono da Concremat, Mauro Viegas, conversando com Zuleido Veras, dono da construtora Gautama. Lembra? Zuleido foi o principal alvo da Operação Navalha, deflagrada em abril de 2007 para investigar fraudes em licitações de obras públicas.
Na conversa gravada em 4 de julho de 2006, Mauro Viegas trata com Zuleido sobre o aeroporto da capital do Amapá.
Mauro Viegas diz que está “uma turma aqui, o José Alcure (diretor da Concremat), que vai estar em Brasília até amanhã sobre o assunto lá do Macapá, que você é o titular daquela coisa lá que está devagar”. (…) “Tem uma porção de boatos. Aí eu botei lá, mobilizei minha turma mês e pouco atrás, achando que a coisa ia e a coisa está ali naquele marasmo”(…) “De concreto hoje mesmo parece que tem dez pratas pra gastar para todo mundo até dezembro”.
Zuleido tranquiliza Viegas: “Acho que vai ser resolvido. (…) Com certeza, porque aquele negócio ali é obra de Sarney, não é um negócio que está solto, não”. Já no dia 9 de agosto de 2006, Zuleido diz, em outra gravação, que vai “chegar à casa do Sarney já, já”.
Sarney, como se sabe, é o ex-presidente José Sarney, que foi eleito e reeleito senador pelo PMDB do Amapá.
Pois é. Hoje mesmo a mídia já aponta a Concremat envolvida em outra irregularidade. Desta vez em obras do sistema hospitalar no Espírito Santo…