A primeira vez (Segunda parte)

Adelzon deu voz ao morro, ao samba-enredo, ao samba de quadra. Resgatou a música nordestina, fez escola. E lançou o fotógrafo aqui em sua carreira de imagens do zéfiro.

Continuação…

Horas tantas, adentra ao estúdio, vindo de uma roda de
samba, o compositor – do qual, não lembrarei o nome – da Estácio de Sá.
Esbaforido, suando em bicas, levou uma batucada improvisada em que,
tudo que tivesse sonoridade, virou instrumento musical, até meu case,
que na data era chamado de bolsa mesmo, entrou na festa como surdo de
marcação. Uma festa.

Adelzon tem a comunicação no sangue, talvez por ter
trabalhado anteriormente com o “Velho Guerreiro”, talvez por ser pura
essência de Marshall McLuhan, muito por ser, tão somente, ele mesmo.
Lançou muita gente boa que está por aí, indo aonde o povo está. Deu voz
ao morro, deu voz ao samba-enredo, ao samba de quadra. Resgatou a
música nordestina, fez escola. Produziu outras tantas.

Aí você me pergunta? “mas o que ele tem a ver com as

alvoradas”?

Ao concluir a festa-apresentação, queria fazer um clique dele
junto aos motoristas de táxi que, indianamente enfileirados à porta da
rádio, o aguardavam diariamente para bater um papo, jogar purinha e
cumprimentá-lo. Fiz os cliques enquadrando os antigos relógios< à corda,
que apresentavam um ‘livre’, juntamente com um ‘2’ em uma espécie de
rodela metálica, que representava a famosa ‘bandeira 2’ indicando que o
taxista estava rodando na madrugada. Ao levantar os olhos do visor da
câmera, reparei que clareava no firmamento no que hoje chamo de ‘hora-
vermelha’. Estava usando um Tri-X, ‘puxado’ para 3200 ASA, da Kodak.
Queimei as últimas chapas, cambiei para um Ektachrome que havia
sobrado de uma matéria anterior, atravessei a praça em direção ao Aterro
e fiz meu primeiro amanhecer oficial. Pena que estas imagens tenham se
perdido na memória-arquivo da revista. Ficaram incríveis.

Pois é Adelzon, você nem sabia, mas lançou o fotógrafo aqui
em sua carreira de imagens do zéfiro. Valeu! Muito obrigado! Vivas p’ro
Adelzon, porque, como ele e o Seu Zé, eu sou da madrugada!

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