A queda da produção industrial em agosto e o relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) indicando que a recessão econômica do Brasil será mais longa deixou de orelha em pé alguns membros da equipe do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
A produção industrial caiu 3,8% em agosto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), após cinco meses de alta. Houve queda em 21 atividades da indústria. As mais impactantes foram produtos alimentícios (-8%), veículos automotores (-10,4%), indústrias extrativas (-1,8%) e produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,9%).
Os estudos feitos pelos técnicos do FMI, embora apontem alguns sinais de recuperação do setor produtivo, indicam que a economia do Brasil vai crescer apenas o equivalente a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017. Para este ano a previsão é de um encolhimento de 3,3% do PIB
Ocorre que a equipe econômica fez o Orçamento Geral da União de 2017 prevendo um crescimento do PIB de 1,6% para o próximo ano e de que de 3% em 2016.
Esta estimativa de um menor crescimento do PIB feita pelo FMI, se confirmada, terá graves consequências sobre o equilíbrio das contas públicas em 2017. Com crescimento menor da economia haverá menos impostos, o que levará ao estouro da meta de déficit primário de R$ 139 bilhões.
O que esta ficando claro é que não é apenas com a melhora das expectativas que haverá recuperação da economia, como ocorreu no passado. Serão necessárias medidas efetivas para aumentar a demanda agregada, seja pelo investimento privado ou pelo setor externo. A única alternativa que esta fora de cogitação é pelo consumo das famílias, que está perdendo o poder de compra pelo desemprego.