Aldo Rebelo: opção do PT de não se aliar ao centro é equivocada

Aldo Rebelo, ex deputado, ex ministro. Foto Orlando Brito

Aldo Rebelo é uma das vozes mais respeitadas da esquerda brasileira. Sua credibilidade passeia da esquerda à direita com naturalidade. Ele foi o primeiro comunista a comandar as Forças Armadas, uma nomeação que provocou desconfiança entre os militares. Deixou o cargo bem avaliado por seus subordinados.

Desde o movimento estudantil, quando chegou à presidência da União Nacional dos Estudantes (UNE), Aldo é militante do PC do B, um partido com forte centralismo em suas decisões. Aldo sempre foi mais amplo que o partido. Foi ministro de Lula e de Dilma, saiu incólume de gestões sob alvo da Justiça Federal.

Aldo Rebelo é um político que aposta na agregação. Sempre apostou. Chegou à Presidência da Câmara dos Deputados com o apoio do conterrâneo e amigo Renan Calheiros e de políticos das mais variadas opções ideológicas.

Em entrevista a Os Divergentes, fez uma análise sobre os resultados das eleições municipais que aponta para uma grande mudança nas alianças no campo da esquerda, sempre capitaneadas pelo PT. Diz ele que o PT perderá esse protagonismo. A razão seria a opção petista para enfrentar a derrocada do partido: “O tal retorno do PT às origens que pode significar exclusivismo, sectarismo e isolamento”.

Na avaliação de Aldo Rebelo, as forças em todos os jogos políticos e eleitorais são entre a direita, o centro e a esquerda. “Você só pode fazer aliança com o centro. Se a esquerda renuncia a isso, vai deixar para o centro apenas a opção da direita. Então vai se formar uma coalizão de centro-direita, a esquerda se isola. E ao se isolar, isola o movimento dos trabalhadores, isola a defesa dos interesses nacionais”.

Para Aldo, PT e PSOL vão optar por essa guinada à esquerda. A defesa que faz de uma aliança com forças conservadoras como o PMDB, PP e PTB não será bancada por eles. Aldo tem dúvida até do caminho que o seu próprio partido vai seguir.

— Não sei.  O PC do B não fez esta opção em muitas eleições. Acompanhou essa posição mais exclusivista do PT no, por exemplo, Rio de Janeiro e Salvador. E se isolou também. Mas nós não podemos ver a questão da esquerda como representação de um grupo, de uma legenda. A esquerda é muito mais do que isso. A esquerda é um conjunto de ideias, de valores que ultrapassam os partidos.

Apesar de tudo que está rolando, Aldo Rebelo tem uma visão otimista em relação ao futuro. “Foi uma derrota eleitoral e política. Mas não é uma derrota de nossa causa. E os triunfos, como se canta nos tangos argentinos, são triunfos passageiros…ilusórios”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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