São várias, muitas, as histórias que se contam dos expoentes da política de Minas. Todas são ótimas e fazem parte do anedotário sobre esses personagens do Poder nas Gerais. Famosos pela astúcia, capacidade de engendrar artimanhas, Tancredo Neves e Magalhães Pinto são a expressão da matreirice. E por isso mesmo chamados de “raposas”.
Magalhães foi deputado, senador, ministro, banqueiro e governador de Minas, nascido em Santo Antônio do Monte. Sempre foi considerado cacique da política, conservador, líder da UDN – União Democrática Nacional.
Tancredo Neves, natural de São João Del-Rei, advogado, também foi deputado, senador, ministro e governador. Foi eleito presidente, mas não chegou a assumir o Palácio do Planalto. Era expoente, ao lado de Juscelino Kubitschek, do PSD – Partido Social Democrático.
Magalhães Pinto apoiou do Golpe de 1964 que derrubou João Goulart da Presidência da República. Tancredo Neves foi ministro da Justiça de Getúlio Vargas e primeiro-ministro durante a curta vigência do parlamentarismo no Brasil.
Um belo dia, nos tempos do regime militar, na década de 1970, Magalhães encontrou-se casualmente no saguão do antigo Aeroporto da Pampulha com o tradicional adversário, Tancredo Neves. Então lhe perguntou:
— Uai, Tancredo, você está embarcando para onde?
— Para o Rio, uai, respondeu Tancredo Neves.
Magalhães Pinto, então se despediu e comentou ao pé do ouvido do amigo e companheiro de partido Zezinho Bonifácio, experiente e matreiro igualmente a ambos e que estava ao seu lado:
– Esse Tancredo pensa que eu sou bobo. Diz que vai para o Rio pra gente pensar que ele vai para Brasília. Mas ele vai é pro o Rio mesmo.