A causa da dificuldade financeira dos estados não é apenas a queda da arrecadação e a dívida com a União. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) constatou em um estudo que as remunerações de trabalhadores estaduais e municipais tiveram crescimento real de 53,52% e 46,10%, respectivamente, entre 2004 a 2014. É um valor bem acima dos ganhos de 37,65% concedidos pelo setor privado.
Divulgado hoje, o estudo do Ipea avalia se os gastos destas esferas de governo devem-se à contratação de novos servidores para atender as necessidades da população.
O crescimento das ocupações na educação pública entre 2004 e 2014 foi de 7,58% para os governos estaduais e de 45,80% nos governos municipais. No caso da saúde pública, essas variações sobem para 42,40% (estados) e 79,52% (municípios).
“As despesas com pessoal e encargos sociais dos estados cresceram consideravelmente nos últimos anos. Os dados indicam que esse comportamento é explicitado por elevação nos salários dos servidores, em oposição à contratação de novos servidores. Já na esfera municipal parece haver uma clara conjunção de crescimento no número de ocupações e nas remunerações auferidas por estes. Ademais, a análise setorial evidenciou que os ganhos reais dos servidores de educação estão acima da média observada no total dos servidores municipais e dos demais servidores”, diz o estudo do Ipea, coordenado pelo economista Cláudio Hamilton Matos dos Santos.