A Capital do Brasil deveria ser a maior protagonista das comemorações do bicentenário da independência. Infelizmente, o Governo do Distrito Federal não parece ter se preocupado com a data e não fez qualquer planejamento. Não promoveu eventos relevantes e atrativos que chamassem a atenção dos turistas. Resultado: segundo a Associação Brasileira da Indústria e dos Hotéis do DF (ABIH), a taxa de ocupação em Brasília, neste feriado, atingiu apenas 83%. Em 2021, mesmo com a pandemia ainda em curso, a taxa de ocupação chegou a 90%. Passado o Sete de Setembro, qual o legado deixado neste bicentenário?
Em nível federal a coisa foi ainda mais grave. O presidente da República sequestrou a parada militar transformando-a em palanque eleitoral. Envergonhou a nação perante a nós e ao mundo. Aproveitou a festa para fazer um discurso eleitoreiro, usando um linguajar chulo e machista, totalmente inadequado para um chefe de Estado. Atacou a democracia, aos adversários políticos e suas esposas. E o tema principal do evento – o bicentenário da independência – foi completamente esquecido.
Há cem anos, a comemoração da independência do Brasil foi marcada pela famosa Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 1922, que se tornou referência, nas décadas seguintes, para grande parte da produção cultural do país. Hoje, passamos longe disso. No DF o início das comemorações se deu com uma queima de fogos breve na Torre de TV. E só.
Assim como no México, o governo chileno também decretou feriado de três dias para as comemorações. A festa de comemoração do bicentenário deles, deixou um grande legado com o resgate patrimonial de espaços cívicos, parques urbanos, espaços culturais, centros esportivos e obras de infraestrutura. Um dos legados mais importantes foi o E-Elt, o maior telescópio do mundo, que tornou o país um líder mundial em observação astronômica. Na Argentina e no Peru seguiram o mesmo script, com feiras de livros, lançamentos e muito mais.