Como vimos, o presidente Michel Temer fez o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque. Falou durante 20 minutos sobre a crise econômica internacional e defendeu a constitucionalidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff. E, ainda, criticou o protecionismo agrícola de algumas potências. Temer manteve a tradição de tal feito caber sempre aos presidentes brasileiros. É um costume que remonta ao ano de 1947, logo depois da criação da Organização das Nações Unidas, dois anos após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Evidentemente, gera a maior curiosidade a primazia de recair sobre nosso país a inauguração anual das reuniões da Liga das Nações. Mas a explicação vem dos diplomatas do Itamarati: não se sabe o inteiro motivo de o chanceler brasileiro naquela época, Oswaldo Aranha, ter presidido a primeira sessão de tão importante organismo internacional, que hoje reúne 193 países. No ano seguinte, o mesmo Oswaldo Aranha, ainda ministro das Relações Exteriores do governo Getúlio Vargas, retornou à tribuna da ONU para repetir o gesto. E, a partir de então, vários outros ministros que o sucederam desempenharam o mesmo papel.
Porém, em 1982, o então presidente João Figueiredo, resolveu ser o protagonista de tal ocasião. Determinou ao Itamarati que cuidasse do assunto com a maior atenção. E viajou para os Estados Unidos. O general permaneceu na tribuna por 45 minutos e criticou as superpotências por promoverem tensões entre os países e pediu a redução das barreiras comerciais. A partir daí, os demais presidentes mantiveram a inovação. Alguns foram mais de uma vez, outros, por várias razões, foram substituídos por seu ministro das Relações Exteriores.
Em 1985, o presidente José Sarney destacou a volta do Brasil à democracia, logo depois do regime militar, e condenou o apartheid. Já Fernando Collor, em 1990, falou da globalização e das reformas neoliberais no mundo. Fernando Henrique Cardoso, em 2001, manifestou-se contra a expansão do terrorismo. Lula, 2008, falou dos males do capitalismo. Dilma Rousseff foi a primeira mandatária a abrir Assembleia Geral da ONU e, em uma de suas presenças à frente dos outros chefes-de-Estado, exaltou o século das mulheres. Em sua última vez, bateu forte na espionagem americana feita a algumas nações.