A atual diretoria do Banco Central poderá permanecer em seus cargos durante um longo período da interinidade do presidente Michel Temer no processo de julgamento do impeachment, uma vez que não há espaços para mudar a atual política monetária de combate à inflação.
A prioridade de Michel Temer é definir um nome para o Ministério da Fazenda com capacidade de liderar uma equipe econômica para cuidar da reconstrução do equilíbrio fiscal das contas públicas e de medidas de estímulo ao setor produtivo.
Mesmo que haja a intenção de mudar rapidamente o comando do BC, o processo será lento, uma vez que cada um dos nomes dos diretores devem ser submetidos a sabatinas no Senado Federal.
A última vez que houve substituição do presidente do BC em função do processo de impeachment foi no governo Collor, e demorou 1 mês e 14 dias para acontecer. Collor deixou a presidência no dia 2 de outubro e Itamar Franco substituiu Francisco Gros na presidência do BC por Gustavo Loyola no dia 16 de novembro de 1992.
Independente deste rito processual, a diretoria do BC não vê espaços para dar início ao processo de redução das atuais taxas de juros de 14,25%, mesmo reconhecendo que começa a haver um sinal de tendência de queda da inflação. Com Dilma ou Temer, as medidas adotadas pelo BC para trazer a inflação para a meta já foram tomadas. Sem nenhuma alteração repentina nos atuais indicadores econômicos, o BC continuará atuando no piloto automático de um vôo já programado para chegar na meta de inflação de 4,5% deste ano, com tolerância de até 6,5%.