Como na maior parte dos municípios gaúchos, os eleitores de Caçapava do Sul devem eleger em 3 de outubro um prefeito do PMDB, alinhados à ideia de que o mandatário municipal do mesmo partido do governador e do presidente da República terá mais força para atender as demandas da população.
É um fato histórico: Caçapava do Sul sempre foi de oposição aos governos, tradição que vem desde 1839, quando tornou-se a segunda capital da Guerra dos Farrapos, comandada por Bento Gonçalves. Durante o regime militar, nos anos setenta, quando existiam apenas quatro prefeitos de oposição à ditadura no país, Caçapava do Sul elegeu Alcides Saldanha pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
Mas hoje a crença de que só a coordenação de esforços entre União, estados e municípios vai superar o atual quadro de crise econômica está fortalecendo o PMDB em suas bases. Embora Caçapava do Sul tenha sua economia sustentada na produção de calcário, agricultura familiar e pecuária, em torno de 40% da população depende da aposentadoria da Previdência Social para sobreviver, sem falar de outros benefícios sociais como o Bolsa Família, bancados pelo governo federal.
O êxito do ajuste fiscal e da retomada do crescimento da economia do presidente da República, Michel Temer, será também o do governador Ivo Sartori (PMDB/RS). É que, com a melhora da atividade econômica, pode ocorrer também uma recuperação da arrecadação dos impostos. Com o que arrecada hoje, Ivo Sartori não consegue pagar em dia a folha de pessoal.
Como ocorre com o Governo Federal, o investimento privado passou a ser a palavra mágica de enfrentamento da crise em Caçapava, enquanto os impostos não vêm.
O anúncio de investimento de R$ 332 milhões do grupo Votorantim nas minas de cobre de Camaquã, com a criação de 450 empregos qualificados, virou o centro das atenções dos candidatos a prefeito da Caçapava do Sul. A chapa do candidato a prefeito, com o candidato José Erli e o vice Taschetto (PMDB), acredita que além dos empregos o município terá mais receitas de impostos para investir em educação e saúde. Hoje o município consegue apenas 27% de receitas próprias. O restante do que precisa para pagar despesas de custeio administrativo e de pessoal depende de repasses da União.
A exploração de minério remete, por outro lado, no imaginário popular, à época de ouro das Minas do Camaquã nos anos 70, quando pertenceu ao milionário paulista Francisco (Baby) Matarazzo Pignatari. Na época, as minas geraram riqueza ao investidor, fluxo seguro de receitas de impostos e bons empregos para operários, técnicos e engenheiros.
Baby Pignatari deu casa a seus operários e engenheiros, além de bar, restaurante e um cinema no melhor estilo do velho oeste. Foi um gesto civilizatório de um grande empresário, que ficou na cabeça dos Caçapavanos.