A Ilha Fiscal, no Rio de Janeiro, é muito mais conhecida por ter sido cenário de uma festa simbólica para a história do Brasil do que pela beleza da arquitetura de estilo neo-gótico francês.
O suntuoso e famoso Baile da Ilha Fiscal foi uma festa que reuniu mais de quatro mil convidados recebidos com iguarias vindas da Europa. Começou com a homenagem à tripulação do encouraçado Almirante Cochrane, da marinha chilena que passava pelo Rio de Janeiro e terminou com a orgia de lordes e damas da corte. Foi considerado farra extravagante, um acinte aos pobres, um abuso dos fidalgos.
Seis dias após, caía o Império e proclamava-se a República.
É que o fato aumentou o descontentamento popular que já fervilhava nas ruas e nos quartéis contra o regime vigente, a monarquia.
Desde sua participação na Guerra do Paraguai, o Exército sentia-se fortalecido e reclamava do imperador Pedro II maior participação no poder, na política. Com o escândalo do baile na Ilha Fiscal, o marechal Deodoro da Fonseca, incentivado por oficiais da força, partiu de sua residência acompanhado de mil soldados a cavalo. Não adiantaram os apelos de sua mulher, dona Mariana, sabedora de seu estado de saúde abalado. No Campo de Santana, no centro do Rio, proclamou a República, o fim do Império.
Foi-se Dom Pedro II, o último imperador do Brasil, e veio o marechal Deodoro, o primeiro presidente do país, militar.
Em nome da boa amizade que tinha com Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança e Bourbon, o marechal Manuel Deodoro da Fonseca não permitiu agressões e maiores dissabores à família real. Cuidou para que o agora ex-imperador embarcasse com o clã para o exílio na França no Cais Pharoux, hoje Praça XV.