Banco Central condiciona queda de juros a aprovação do ajuste fiscal

Ilan Goldfajn. Foto Orlando Brito

A interpretação de fontes do mercado financeiro de que o Banco Central pode começar a reduzir as taxas de juros a partir de outubro, em função da ata do Copom divulgada hoje, pode estar errada.

A atual diretoria do BC considera como primeira condição para dar início ao ciclo de queda dos juros a aprovação das medidas do ajuste fiscal, que deverá ocorrer em meados de outubro no Senado Federal. A reforma da Previdência, que é onde está o maior problema de déficit, sequer foi enviada ao Congresso.

É que o efeito da atual política contracionista sobre a redução da inflação vem sendo limitado devido à injeção de recursos na economia para cobrir o déficit público. Apenas para lembrar:  em 2017, o governo vai injetar mais R$ 460 bilhões na economia para cobrir déficit nominal da União.

Reduzir juros nestas condições em nada ajudaria o esforço de controle da inflação e acabaria comprometendo a credibilidade da autoridade monetária.

O Copom só vai reduzir os juros quando as condições objetivas para esta flexibilização monetária estiverem dadas. Caro leitor, veja o item abaixo da ata do Copom que pode ajudar na sua interpretação do que estou alertando:

O Comitê avalia que uma flexibilização das condições monetárias dependerá de fatores que permitam maior confiança no alcance das metas para a inflação nos horizontes relevantes para a condução da política monetária, em particular da meta de 4,5% em 2017. O Comitê destaca os seguintes fatores domésticos: (i) que a persistência dos efeitos do choque de alimentos na inflação seja limitada; (ii) que os componentes do IPCA mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica indiquem desinflação em velocidade adequada; e (iii) que ocorra redução da incerteza sobre a aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia, incluindo a composição das medidas de ajuste fiscal, e seus respectivos impactos sobre a inflação. O Comitê avaliará a evolução da combinação desses fatores para a inflação envolverá julgamentos sobre as evidências disponíveis.

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