Bolsonaro depõe à PF. Moro é candidato. Dallagnol, ex-Lava-Jato, também vai à luta política

Na roleta da vida pública, Moro entra no páreo contra Bolsonaro que o fez trocar a carreira jurídica pela atividade política

Os tempos de paz de Bolsonaro e Moro no Planalto - Foto Orlando Brito

Os tempos realmente mudam muitas coisas. Muitas. Por exemplo, as relações pessoais, especialmente quando envolvem personagens do mundo da política, do poder e interesses.

Jair Bolsonaro convidou o juiz Sérgio Moro para assumir o Ministério da Justiça assim que se elegeu para a Presidência da República. O magistrado deixou o comando da Operação Lava-Jato e aceitou participar do governo. Ambos tomaram posse e tudo corria às mil maravilhas. Participavam juntos de eventos, festas, cerimônias, comemorações, viagens, etc. Exemplo disto foi o dia 29 de agosto de 2019, quando o Planalto fez solenidade para lançar o programa “Em Frente Brasil”, destinado a combater crimes violentos. Houve discursos, elogios, palmas, sorrisos e abraços, como se vê na foto aí de cima.

Bolsonaro na reunião ministerial de 22 de abril de 2020

O tempo passou e os problemas começaram a surgir. Durante a reunião ministerial de 22 de abril de 2020, Jair Bolsonaro reclamou a toda voz não ter controle sobre o delegado Maurício Valeixo, então chefe da Polícia Federal, subordinada ao ministro da Justiça. E, por conta disso, ia interferir, queria mudar. Para seu lugar, colocaria o também delegado Alexandre Ramagem, que havia trabalhado em sua campanha eleitoral.

Moro ao deixar a Justiça – Foto Orlando Brito

Sérgio Moro soube da demissão de seu subalterno pelo Diário Oficial, assinada por Jair Bolsonaro. Não gostou. Dois dias depois, anunciou sua saída do governo.

Jair Bolsonaro acabou alvo de inquérito no Supremo, com a acusação de interferência em causa própria em ações da Federal, o que não pode. Nessa quarta-feira, 3 de novembro de 2021, por fim, o presidente foi ouvido no processo. Negou a acusação principal e disse que a demissão se deu por falta de interlocução com delegado demitido, a rigor, a interlocução no Executivo do chefe da PF é o ministro da Justiça. E mais, que Moro pediu para ser ministro do STF.

Nesta semana, Sérgio Moro está de volta a Brasília. Veio articular sua filiação ao Podemos no próximo dia 10, a convite da presidente do partido, Renata Abreu, e do senador Álvaro Dias. A princípio, entra na corrida presidencial como um dos postulantes da terceira via.  Pode também ser uma opção para o Senado.

A entrada do ex-ministro Moro para o Podemos coincide com o anúncio de seu colega de Operação Lava-Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, de saída do Ministério Público Federal. Ele justificou que, com tantos cercos à Lava Jato, será mais útil ao país na arena política. Deve concorrer a uma cadeira na Câmara dos Deputados.

 

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