Embora a equipe econômica defenda o ajuste fiscal, as emissões de títulos do Tesouro Nacional informadas no Orçamento Geral da União de 2017 para cobrir o déficit das despesas primárias e de juros da dívida interna e externa serão 52% maiores do que neste ano.
O Tesouro Nacional está elevando de R$ 328 bilhões em 2017 para R$ 619,3 bilhões a emissão líquida de títulos no mercado. Isso provoca um impacto expansionista sobre a base monetária e dificulta o esforço do Banco Central de reduzir juros.
O orçamento prevê um gasto de juros e encargos da dívida de R$ 339 bilhões para o ano que vem, R$ 35 bilhões maior que em 2016. Como terá, também, que financiar o déficit de R$ 139 bilhões dos gastos primários, a única solução é o endividamento.
Os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo de Oliveira, nem tocaram nas chamadas receitas e despesas financeiras do Orçamento de 2017, que fazem parte do conceito nominal.
Ao falar apenas dos gastos primários, acabam escondendo o real problema do endividamento público. O buraco efetivo das contas públicas em 2017, pelo conceito nominal, será de R$ 460,4 bilhões. É verdade que este valor, em proporção ao Produto Interno Bruto (PIB), indica uma queda de 7,39% em 2016 para 6,75%. Mas é esse o buraco das contas do Tesouro, não apenas os R$ 139 bilhões anunciados por Meirelles.