Os Divergentes encontraram o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa durante um intervalo no Senado da sessão de depoimento da presidente afastada, Dilma Rousseff, na noite desta segunda-feira.
Bem humorado, ele não quis fazer previsões publicas a respeito do desempenho de seu sucessor, o ministro Henrique Meirelles:
“Vou falar sobre isso após a votação do impeachment. Não antes.”
Mas quando se pergunta a Nelson Barboba, com o gravador de vídeo desligado, o motivo pelo qual não faz previsões, ele dá mais detalhes:
“É que depois do impeachment chega ao Congresso a proposta orçamentária do governo para 2017. E é aí que vamos saber como será equacionada a questão do teto de gastos públicos.”
De fato, na próxima quarta-feira, 31 — quando estará sendo finalizado o julgamento do impeachment — é também a data de divulgação do projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) do governo federal para 2017.
Nela, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, vai dizer como dividirá as verbas públicas para adaptar o Orçamento ao teto de gastos previstos para 2017. E na Proposta de Emenda Contitucional (PEC) que enviou ao Congresso, o governo estabeleceu que o aumento das despesas totais será limitado às despesas do ano anterior acrescidas da inflação.
“Sempre achei que precisávamos trabalhar com um teto de gastos. Na questão do ajuste fiscal, acho que o teto é um instrumento mais eficiente do que a meta de déficit ou superavit”, diz Nelson Barbosa.
Então qual o problema?
“O problema é que o teto vai obrigar o governo a definir onde serão feitos os cortes. E é aí que vamos poder analisar se vai dar certo ou não.”
Entendeu? Quando o governo definir de fato onde vai cortar gastos, começa a chiadeira de cada setor.
E a gritaria logo repercute no Congresso, com os políticos brigando por aumento de gastos aqui e ali.
Em outras palavras, é quando, de fato, vai começar a ser testada a nova política econômica do governo. Por isso Nelson Barbosa só quer falar sobre suas expectativas para a Era Meirelles depois de olhar a proposta de Orçamento.