Enquanto os brasileiros acompanham atônitos a novela da CPI da Pandemia no Senado, que diariamente expõe os erros e omissões do governo Bolsonaro no combate à doença, sorrateiramente, Arthur Lira avança de forma célere na pauta que abre caminho para a impunidade aos crimes de corrupção e desvio de recursos públicos.
Na guerra contra o combate à corrupção, bolsonaristas e petistas lutam no mesmo front. Na semana passada os deputados flexibilizaram a Lei de Improbidade Administrativa, que punia os maus gestores. Agora foi a vez de aprovar mudanças na Lei da Ficha Limpa, uma das maiores conquistas do povo brasileiro para impedir que corruptores e corruptos pudessem disputar um cargo eleitoral.
Bolsonaro foi favorecido na eleição de 2018 por não ter figurado em nenhuma das longas listas de envolvidos no escândalo do Petrolão, denunciado pela Operação Lava Jato. Apoderou-se do discurso da moralidade na política e, embora já tivesse quase 30 anos na vida pública, se elegeu como o candidato contra o chamado “sistema”.
Dois anos e meio depois, Bolsonaro fez o que nenhum dos seus antecessores conseguiram: fechou um grande acordo envolvendo Legislativo e Judiciário para destruir a Lava Jato. Com apoio de Gilmar Mendes, Dias Toffoli e o Centrão. Os condenados já estão tendo as penas anuladas, enquanto os líderes da Lava Jato estão sendo perseguidos.
A mudança na legislação é o arremate final para garantir a impunidade eterna. O que pode melar os planos, pelo menos por enquanto, é o escândalo da compra da Covaxin com um ágio de mil por cento, que virou o novo foco da CPI da Pandemia. Afinal, a flexibilização da legislação tem que passar pelo Senado, hoje responsável por investigar os maus feitos do governo Bolsonaro.