Tal como em outras ocasiões, mandou a jornalista que o entrevistava calar a boca, após ser indagado sobre o não uso de máscara. Nervoso, esbravejou dizendo que comparece aos lugares como quiser, aonde desejar. Novamente fez defesa do chamado tratamento precoce, aquele com o uso de hidroxicloroquina e ivermectina, não reconhecido pelos cientistas como eficaz para a cura da Covid. E citou que ele próprio é a prova viva do bom resultado desse protocolo médico. Reclamou da cobertura da CNN, do noticiário da TV Globo e de toda a imprensa:
— Essa Globo é uma merda de imprensa. Vocês são uma porcaria de imprensa. Cala a boca, vocês são uns canalhas. Vocês fazem um jornalismo canalha, canalha, que não ajuda em nada. Vocês não ajudam em nada. Vocês destroem a família brasileira, destroem a religião brasileira. Vocês não prestam!
Reações ao destempero de Bolsonaro vieram logo em seguida, em forma de críticas às suas palavras e em solidariedade à repórter da TV Vanguarda. João Dória, governador de São Paulo, disse que foi mais um surto verborrágico do senhor que preside País contra a imprensa. A senadora Simone Tebet classificou a atitude como deplorável. O senador Rogério Carvalho, integrante da CPI da Pandemia, também foi à rede social para dizer: sem equilíbrio psicológico, Bolsonaro sentiu a força das ruas, está acuado e desesperado.
O deputado Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara, declarou: no dia 9 de janeiro eu fiz um tuíte afirmando que Bolsonaro era covarde. Hoje, depois do episódio lamentável com a jornalista da TV Globo eu repito: Bolsonaro é autoritário e covarde!!! O apresentador Luciano Huck também manifestou-se em sua página do Twitter: a jornalista foi atacada ao fazer perguntas pertinentes. Rodeado de bajuladores, o presidente se sentiu à vontade para humilhar uma mulher que apenas cumpria seu dever profissional de informar. Covardia total.
Em nota, a ABI-Associação Brasileira de Imprensa pede que Jair Bolsonaro renuncie à Presidência ou o seu impeachment.