A CPI da Pandemia teve na sessão dessa sexta-feira um lance inusitado: o relator Renan Calheiros e o vice-presidente Randolfe Rodrigues retiraram-se da sala justamente no momento em que ia começar o depoimento dos médicos Ricardo Zimermamn e Francisco Cardoso Alves. Os doutores foram levados atendendo ao requerimento do senador governista Luiz Carlos Heinze por serem adeptos do chamado tratamento precoce — com hidroxicloroquina e ivermectina, por exemplo, que não têm eficácia comprovada pelos cientistas — defendido por Jair Bolsonaro.
A reação foi imediata. Os senadores que apoiam o governo usaram os microfones para críticas veementes à atitude. Enquanto a sessão transcorria com a palavra dos dois médicos, os senadores Renan Calheiros, Randolfe Rodrigues e Humberto Costa concediam entrevista coletiva a metros do plenário da CPI. Outros também deixaram a sessão
Randofe lembrou que na live da quinta-feira à noite, o presidente voltou a propagar suas conhecidas e repetidas críticas à vacinação contra o Coronavírus. O senador pelo Amapá pretende convocar os representantes das redes sociais no Brasil para comparecerem à CPI. E mais, pensa em pedir a suspensão das páginas do Facebook, Instagram e Twytter, por exemplo, de Jair Bolsonaro, tal como aconteceu com Donald Trump nos Estados Unidos.
Já Calheiros considerou um escárnio a defesa feita pelos depoentes e disse que “a CPI tem o papel de dissuadir práticas criminosas como essa do Presidente da República” ainda mais quando o Brasil chega próximo do número de 500 mil mortos pela Covid. Disse também que é inaceitável a postura maléfica e negacionista de Jair Bolsonaro porque reflete na saúde da população. Renan anunciou a mudança para a condição de investigados 14 pessoas que ele considera terem participação na má condução da pandemia. Entre elas estão o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuelo, o atual Marcelo Queiroga, o embaixador Ernesto Araújo e as médicas Nise Yamaguchi e Mayra Pinheiro.