O relator da CPI da Covid no Senado, Renan Calheiros, considera que a cada dia a Comissão obtém avanços muito significativos na tarefa de apurar e apontar responsáveis no desacerto perante a condução da pandemia no Brasil. Para ele, o exame de documentos, nessa semana, revela evidências e detalhes suspeitos e dá novos caminhos às investigações. Não somente nas questões intrisecamente sanitárias, mas também paralelas. Por exemplo, gastos que chegam a 23 milhões de reais pelo governo com publicidade em divulgação de medicamentos sem resultados eficazes, o chamado tratamento precoce.
Nessa sexta-feira os senadores aprovaram requerimento para levar à CPI juristas e especialistas em Direito que apontem os crimes cometidos, com base no que a Comissão apurou até o momento.
Até agora, a comissão já ouviu 16 depoentes. Uns, na condição de convidados. Outros, de convocados. Entre eles estão os quatro ministros da Saúde do governo Jair Bolsonaro: Henrique Mandetta, Nelson Teich, Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga, além de outros personagens com relação direta ao tema. E ainda, o embaixador Ernesto Araújo, que foi ministro das Relações Exteriores; Fábio Wajgarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República; o presidente da ANVISA, almirante Barra Torres; as médicas Nise Yamaguchi, Mayra Pinheiro e Luana Araújo etc.
Os senadores consideram a ida CPI, nessa sexta-feira, do médico sanitarista da Fiocruz Claudio Maierovitch e da pesquisadora da USP Natalia Pasternak de grande importância. Ambos expuseram dados e razões técnicas e científicas que confirmam o desacerto na condução da pandemia da Covid por parte das autoridades. Falaram de várias, inúmeras medidas fora do adequado para o enfrentamento do surto, que no Brasil já beira o número de 500 mil mortos.
Explicaram, por exemplo, o quanto é essencial o uso de máscaras faciais mesmo para as pessoas que já tenham sido vacinadas. Bem ao contrário do que prega Jair Bolsonaro, quando determinou ao seu ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, uma regra para dispensá-las desse meio de proteção contra o contágio pelo Coronavírus.
Dra. Natalia, microbiologista, assegura que “negar a ciência e usar esse negacionismo em políticas públicas não é falta de informação, é uma mentira e, no caso triste do Brasil, é uma mentira orquestrada, orquestrada pelo governo federal e pelo Ministério da Saúde”. O Dr. Maierovitch, ex-presidente da ANVISA, diz que — por ser questão definida há muito tempo pela ciência — a discussão sobre a eficácia da cloroquina nem deveria mais ser motivo de dúvida.