O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros, disse que Eduardo Pazuello mentiu pelo menos 14 vezes em seu depoimento. Considera também que é muito volumosa a quantidade de informações colhidas e, por esta razão, surgiu a iniciativa de instituir um grupo especializado para apurar com precisão os dados até agora obtidos. Calheiros admite também a possibilidade de apresentar um relatório prévio, ou seja, parcial, antes do conclusivo no fim da Comissão.
No depoimento da quarta-feira, o ex-ministro da Saúde empenhou-se em eximir Jair Bolsonaro de culpas na condução da pandemia da Covid. Negou que sua gestão à frente do Ministério da Saúde tenha falhado ou sido omissa nas providências para abastecer de oxigênio os hospitais de Manaus e, com isso, evitar o colapso no atendimento e o consequente número de mortos. Pazuello negou também ter defendido o uso da cloroquina como tratamento precoce pelas pessoas contaminadas pelo vírus.
No entanto, a rodada de declarações Pazuello foi considerada evasiva, inconsistente, carente de verdades, sem profundidade e substância, insuficiente. Após horas de perguntas e respostas, sentiu-se mal — uma crise do nervo vasovagal, que provoca falta de oxigenação no cérebro — e foi atendido pelo senador Otto Alencar, da Bahia, que é médico. Com o inesperado problema de saúde do ex-ministro, vários senadores não puderam dirigir a ele suas questões e a solução foi transferir para essa quinta-feira.
Em sua segunda presença na Comissão, Pazuello foi igualmente enfático na defesa do governo federal. Contudo, quando foi indagado por qual razão a Presidência da República não decretou intervenção na saúde do Amazonas quando se verificou situação de caos, respondeu que a decisão partiu de Jair Bolsonaro numa reunião no Planalto em que a questão foi posta, com a presença de ministros e do governador amazonense Wilson Lima.
O vice presidente da Comissão, senador do Amapá Randolfe Rodrigues, classificou o depoimento do general Pazuello contorcionismo com palavras para fugir dos fatos. E acha até que o ex-ministro pode ter cometido crimes culposo e doloso e contra a ordem sanitária.
Uma frase do general Eduardo Pazuello chamou a atenção: — Todos os gestores em todos os níveis são responsáveis, cada um no seu nível de responsabilidade.
O número de mortos pela Covid no Brasil ultrapassa 444 mil.