Parece incrível. Desde março de 2014, quando começou a Operação Lava Jato, pelo menos 75 pessoas já foram condenadas pela Justiça Federal do Paraná e 80 estão sendo investigadas pelo Supremo Tribunal Federal, por conta de detentores de fórum privilegiado.
Políticos e empresários do primeiro time do país foram parar atrás das grades. Mas isso não parece ainda ter inibido a corrupção.
Hoje pela manha, a Polícia Federal deflagrou uma operação em quatro estados para cumprir 120 mandatos de prisão, apreensão e coerção coercitiva visando desarticular uma quadrilha responsável pelo desvio de recursos federais por meio da Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago).
Segundo as investigações, as verbas eram destinadas ao pagamento de dívidas políticas. Entre os presos estão o presidente estadual do PSDB, Afrênio Gonçalves, e ex-secretário da Fazenda de Goiás e atual presidente da Saneago, José Taveira Rocha.
A turma não se inibiu com as notícias de prisões da Operação Lava Jato e o esquema de propinas era mantido a todo vapor.
Em Brasília outro caso de agora: ontem, a Justiça determinou o afastamento, simplesmente, de toda a Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Motivo? O escândalo do recebimento de propinas pelos parlamentares distritais para destinarem R$ 30 milhões ao pagamento de serviços de UTI prestados pelos hospitais particulares.
E o vazamento de uma gravação feita pela deputada do PTB Liliane Roriz (filha do já conhecido ex-governador Joaquim Roriz) em que a presidente da Câmara Distrital Celina Leão, que é do PPS, diz que a colega está no “projeto” da propina.
Sim. Isso tudo enquanto o noticiário sobre a caça às bruxas da Lava Jato corre solto.
Mas a turma da propina, do suborno, continua agindo.
O curioso é que os dois casos acima têm como protagonistas políticos do PSDB e do PPS, partidos que mais têm atacado a roubalheira protagonizada na Lava Jato pelo PT e pelo PMDB, mas que também envolve nomes de peso nacional do próprio PSDB e do PSB.
Enquanto isso, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, resolve abrir as baterias contra os investigadores da Lava Jato, sinalizando que — após o impeachment da presidente da República afastada, Dilma Rousseff — vem aí uma operação contra a Operação…
Há algo de muito podre ocorrendo sob os nossos narizes.