Para muitas pessoas, as cercas de ferro que voltam à Esplanda dos Ministérios durante a reta final da votação no Senado do processo de impeachment de Dilma Rousseff são somente artefatos de segurança para separar manifestantes favoráveis e contrários ao afastamento da presidente. Para outras pessoas, são um obscuro retrato dos tempos de indefinições que vive o Brasil, à espera da decisão de quem, enfim, preside a República.
Amanhã, quinta-feira, os senadores começam a ouvir testemunhas de acusação e de defesa da cassação do mandato da senhora Rousseff. A previsão é que as sessões do Congresso, nesse caso presidido pelo ministro Supremo Ricardo Lewandowski, se estenda até o dia 30 de agosto, quando o impasse poderá ter desfecho definitivo. Com certeza, irão consumir dias inteiros, entrarão pela noite e vararão madrugadas.
As atenções do País, até o último domingo voltadas para o campo das Olimpíadas do Rio de Janeiro, agora se voltam para a área de política, para esse importantíssimo momento. Os brasileiros estarão de ouvidos atentos e olhos focados nos trabalhos do Parlamento. Haverá articulações entre os parlamentares, discursos, embates e debates no plenário, discussões entre os partidos, artimanhas de oradores, recursos e interpretações regimentais, Enfim, uma verdadeira batalha, democrática, diga-se.
As expectativas giram logicamente em torno do resultado da votação final. Se os parlamentares contrários à presidente Dilma não conseguirem 54 votos, ela reassume o Planalto imediatamente. Deixará de ser considerada ré no processo em que é acusada de ferir a Constituição por incorrer no crime de responsabilidade com as chamadas pedaladas fiscais. Passa a ser vítima. Se isto acontecer, Michel Temer, hoje no comando do poder, volta à condição de vice.
O Brasil viverá nos próximos seis dias, enfim, momentos essenciais para seu futuro, sua história. A ver…