— Estamos cansados da pandemia. Mas o vírus não está cansado de nós. (Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS-Organização Mundial da Saúde)
Doutor Adhanom, considerou na sexta-feira que a pandemia da Covid-19 continua a ser extremamente grave e é o maior problema sanitário que o planeta enfrenta nesse século. Lançou a ideia de concentrar em ambiente seguro na Suíça um laboratorio que reúna todos os dados, estudos e pesquisas desenvolvidas até agora pelos cientistas de vários países em busca de vacinas e medicamentos.
No Brasil a pandemia da Covid já soma mais de 164 mil mortos e quase seis milhões de pessoas infectadas. Tanto que especialistas no assunto nem consideram se são vítimas da primeira ou segunda ondas. De Norte a Sul, Leste a Oeste, nas grandes e pequenas cidades a preocupação continua. Há crises diárias sobre a continuação das pesquisas e fabricação de vacinas que se desenvolvem no Instituto Butantan, de São Paulo, em parceria com uma laboratório chinês.
Ainda reside na memória a fala de Jair Bolsonaro sobre o grave problema. Em discurso numa cerimônia do Palácio Planalto, no começo dessa semana, disse em relação à pandemia que “temos de deixar de ser um país de maricas”. Reações vieram, de vários setores. Soou como, mais uma vez, descaso e desacerto na maneira como seu governo encara o surto mundial do Coronavírus.
Na Europa, praticamente todos os países sofrem com o retorno do surto da Covid-19. O Reino Unido chega agora ao número de 43 mil mortos. Na Itália, a quantidade de infectados atinge um milhão de pessoas e as UTIs acolhem em torno de 5 mil pacientes. A Espanha, que já soma mais de 40 mil vítimas fatais, mantém as medidas para manter em casa a população com objetivo de evitar a propagação pelo convívio e as pessoas que desembarcarem nos aeroportos têm agora que fazer teste médico. Na Rússia já não quase dois milhões de infecções. Na Alemanha, as autoridades correm para evitar que a capacidade de atendimento nos hospitais não seja problema.
A República Checa acusa 15 mil novos casos nos últimos dois dias. Portugal mantém as regras restritivas determinadas há um mês e a partir da semana passada quem circular pelos espaços públicos terá de fazê-lo usando máscaras de proteção. Na Eslováquia e na Polônia, a população reage com protestos às medidas impostas. A Grécia decretou confinamento residencial por três semanas. A Hungria também adota a prudência. Reforçou os cuidados, impondo sistema de compre-e-leve-para-consumir-em-casa aos restaurantes e lanchonetes, além de adotar as aulas online para as universidades. Suécia e Irlanda adotaram o toque recolher à noite.
Bruxelas, na Bélgica, é considerada a capital política da Europa. É lá que estão várias organizações internacionais, por exemplo a sede da Comunidade Econômica Europeia. Abriga mais de 50 mil funcionários que prestam serviços a esses órgãos, incluindo diplomatas, servidores burocratas, conferencistas, observadores etc. O impacto da nova onda da Covid teve reflexo imediato na economia local. Hotéis, restaurantes, cafés e, enfim, o comércio tiveram queda acentuada no faturamento.
A França vive há um mês a segunda e forte onda da Covid. Passou a ser o quarto na lista de países recordistas em casos de vítimas do Coronavírus, atrás dos Estados Unidos, Índia e Brasil. O governo Emmanuel Macron determinou novas regras com para brecar o aumento dos contágios. Por exemplo, decretou uso de máscaras em lugares de circulação pública, redimensionou o horário de funcionamento dos bares, restaurantes e lojas do comércio não essencial. Até mesmo a abertura de museus, cinemas e teatros foi suspensa. Também estabeleceu multas que chegam ao equivalente a 800 reais para os infratores. Os hospitais de Paris estão com lotação sobrecarregada e, por conta disso, pacientes infectados estão sendo transferidos para atendimento em outras cidades. As autoridades se esforçam para recrutar novos profissionais da área de saúde e até cogitam suspender as visitas aos internos.
Da China, Coréia do Norte e alguns países do mundo árabe as notícias são pouquíssimas e imprecisas. Do Turcomenistão não se tem nem notícias imprecisas sobre a Covid. Lá, o governo de Gurbanguly Mälikgulyýewiç Berdimuhammedow probiu a imprensa de citar duas palavras: pandemia e problema. Na África, a situação também causa preocupação. Marrocos, Egito e Burkina Fasso tem novos recordes de contaminação. A situação tem reflexo na economia, com a queda da produção agrícola. Na Indonésia, diante do aumento de contaminações, o governo decidiu autorizar o uso da vacina Coronavac, ainda que não tenha resultados de eficácia conclusivos.
Os Estados Unidos ainda vivem o clima da eleição e Donald Trump ainda se recusa a aceitar a derrota nas urnas para Joe Biden. Porém, política à parte, a crise da pandemia é grave. Registra mais de 10 milhões mil casos de contaminação e o número de óbitos supera a 240 mil e mais de novecentos por dia. O Perú — além dos graves reflexos do surto da Covid, com 35 mil mortos — acaba de adquirir novo problema, o impechment do agora ex-presidente Martín Vizcarra. Não se sabe ainda os planos de seu substituto, Manuel Merino, para enfrentar o surto do vírus. Na Argentina Fernandez, uma vítima de renome: o próprio presidente Alberto Fernández testou positivo para Covid e está cumprindo quarentena na residência oficial do governo. Nessa quinta-feira, um navio da Noruega com turistas e tinha como destino as praias do Caribe, teve que parar a viagem por ter constatado vários casos de contaminação de passageiros e tripulantes.