Peço desculpas a você, internauta que me segue. Mas, sinceramente não sei como essa história vai acabar.
Quer dizer que a próxima delação premiada que vem por aí, do presidente da Odebrecht, vai dizer que ele entregou R$ 4 milhões em espécie ao ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha? Não é qualquer ministro.
Segundo a revista Veja deste final de semana, Marcelo Odebrecht atendeu a um pedido pessoal do atual presidente em exercício da República, Michel Temer. É isso mesmo? E quando a delação for oficializada?
O último chefe da Casa Civil metido em encrenca desse tipo — aliás, de maneira menos direta — foi o José Dirceu, que está preso, e cujo envolvimento em escândalos resultou na crise que vivemos até hoje. Agora é tudo outra vez?
Dinheiro em espécie? Do”Departamento de Propinas” da empreiteira? Difícil de explicar…
O líder da Minoria no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ), já declarou que vai pedir o afastamento de Padilha e do ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), que, segundo o jornal “Folha de S. Paulo”, teria recebido outros R$ 23 milhões da mesma Odebrecht.
Tudo bem. A oposição não tem tanta influência assim sobre as decisões do atual governo. Lindbergh & Cia podem gritar à vontade!
Mas o jornal “O Globo” tem influência. E já soltou editoriais avisando a Temer que ele tem obrigação de demitir qualquer ministro envolvido na Lava Jato. Qualquer ministro?
Foi graças a uma delação premiada na Lava Jato que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) mereceu um desses editoriais do “Globo”. E o poderoso Jucá acabou perdendo o cargo de ministro do Planejamento (embora continue poderoso até hoje. Mas isso é outra história).
Por muito menos, somente por ter aparecido numa gravação com considerações a respeito da Operação comandada pelo juiz Sérgio Moro, o ministro da Transparência, Fabiano Silveira, mereceu outro editorial. E também perdeu o cargo.
E agora? Quando a delação contra Padilha e Serra for oficializada, “O Globo” vai soltar novos editoriais?
Temer vai demitir todo mundo? Voltaremos à mesma ciranda?
Sinceramente, não consigo acreditar. Nem consigo imaginar aonde tudo isso vai parar.