A história começa assim: o PMDB racha e, surpreendentemente, Marcelo Castro (PI) — que foi ministro da Saúde de Dilma Rousseff e votou contra o impeachment — vence a disputa interna do partido pela candidatura a presidente da Câmara.
O principal argumento dos deputados do PT e do PCdoB que resistiam à candidatura da esquerdista Luiza Erundina (Psol-RJ) era que ela jamais chegaria ao segundo turno.
Com o fortalecimento de Marcelo Castro os partidos de esquerda passaram a ter uma opção de voto na oposição capaz de realmente chegar ao segundo turno e — quem sabe? — até surpreender e vencer a eleição se conquistasse o baixo clero.
Aí o governo sentiu o perigo e passou a apostar mais fichas no candidato do DEM, Rodrigo Maia (RJ).
De repente, na véspera da votação, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) lança-se candidato. Os deputados de seu partido não podem deixar de votar no colega, e Marcelo Castro perde então preciosos votos na esquerda.
Nos corredores do Congresso, o burburinho é geral: instruído pelo ex-ministro Aldo Rebelo, um dos principais caciques do PCdoB, Orlando Silva teria lançado a candidatura para ajudar Rodrigo Maia.
Aldo Rebelo e Rodrigo Maia tiveram seus laços estreitados quando este último ajudou o comunista a se eleger presidente da Câmara, em 2005.
Verdade? Mentira? Os Divergentes perguntaram ao próprio Orlando Silva. Ele negou peremptoriamente, como se vê no vídeo abaixo.
Mas não é que em seu discurso de vitória Rodrigo Maia revelou a história?
O presidente recém-eleito da Câmara não só agradeceu a seu “grande amigo” Aldo Rebelo pelos votos do PCdoB no segundo turno (aliás, depois da votação Orlando passou o celular a Rodrigo Maia para o ex-ministro Aldo dar-lhe os parabéns).
Rodrigo Maia foi mais além: emocionado, revelou que foi Orlando Silva quem o convenceu a ser candidato a presidente da Câmara, numa visita que fez à sua casa, “há 30 ou 40 dias”, acompanhado do deputado tucano Carlos Sampaio (SP).
O plenário ouviu a história estupefato.