Denúncias contra Jucá, o breve, podem atingir a meta fiscal

Romero Jucá: ouvindo e falando. Foto Orlando Brito

Estava tudo preparado para um happening. O ministro do Planejamento, Romero Jucá, acompanhando presidente da República em tom solene, hoje à tarde no Congresso, para entregar ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a nova proposta de meta fiscal do governo, que terá que ser aprovada até amanhã para que Temer não incorra nas mesmas pedaladas que levaram à abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

A entrega, certamente, não poderá ser adiada.

O tom solene na visita de Temer a Renan já não poderá ser tão solene assim.

Quanto a Jucá. Bem, o homem é forte e pode estar disposto a enfrentar o cerco da imprensa. Mas não se sabe se Temer vai querer tê-lo no evento a empanar tudo.

E resta saber ainda se as gravações divulgadas pela “Folha de S. Paulo” não atrapalharão a votação da meta fiscal pelo Congresso.

As conversas gravadas entre o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado (CE), que também foi senador pelo PMDB e líder pelo PSDB na Câmara, e Romero Jucá atingiram em cheio o próprio ministro do Planejamento — por sinal, o homem da meta fiscal –, mas atingiram também a Renan Calheiros e, mais detalhadamente, ao presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG).

Segundo disse Sérgio Machado, seriam bombásticas as revelações sobre o que foi feito para eleger Aécio presidente da Câmara.

Renan é citado mais suavemente.

Já Jucá deixa claro nas conversas o interesse na tomada de poder pelo PMDB para abafar politicamente a Operação Lava Jato.

O que seria da votação do impeachment se estas gravações vazassem antes da votação da abertura de processo contra a presidente, agora afastada, Dilma Rousseff?

Como revelou Helena Chagas aqui em Os Divergentes, será difícil para Temer passar mais um dia com Jucá no cargo de ministro.

Como ministro da Previdência do governo Lula, Jucá, o breve, já havia durado apenas quatro meses, entre março e julho, à frente da pasta. Saiu sob denúncias de que teria oferecido ao Banco da Amazônia fazendas inexistentes como garantia de empréstimo. E de que teria engordado além da conta o patrimônio.

Temer já sabia dos riscos, ao nomeá-lo ministro. Mas o presidente em exercício resolveu ignorar denúncias contra ele e outros ministros escolhidos.

Resta saber se a opção do presidente agora não vai atrapalhar o seu governo. Como, por exemplo, na votação da meta fiscal, marcada por ele, Renan e Jucá para amanhã, com o apoio de Aécio Neves.

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