Como o Planalto conta já ter conquistado 63 votos pelo impeachment

Jucá, Temer e Renan. Foto Orlando Brito

Passada a votação no Senado da pronúncia do processo contra a presidente afastada, Dilma Rousseff, o Palácio do Planalto já trabalha entre os que votaram contra para conquistar novos votos pelo impeachment definitivo.

Já é dado como certo pelo governo, por exemplo, que o senador Roberto Muniz (PP-BA) mudou de lado. Ele havia votado contra a pronúncia.

Mas durante audiência com o ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, na Comissão de Agricultura do Senado, o senador cobrou a recriação do Ministério do Desenvolvimento Agrário e, imediatamente, o ministro respondeu: “O Ministério volta em setembro.”

Qualquer semelhança com algo combinado não é mera coincidência. Já na noite anterior caciques do PMDB contavam, em suas conversas reservadas, com a mudança de voto de Roberto Muniz pelo impeachment.

Ante o argumento de que o senador é suplente do ex-petista Walter Pienheiro – que poderia se licenciar da Secretaria de Educação da Bahia para reassumir o mandato e votar a favor de Dilma – os peemedebistas argumentam que a situação com Pinheiro também “já está resolvida”, e que ele não anda confortável com o PT há muito tempo.

Na contagem do governo haverá 63 votos pelo impeachment de Dilma no próximo dia 25. Além de Roberto Muniz, o Palácio conta com o voto de Elmano Ferrer (PTB-PI) – cujo mudança de voto também já estaria acertada com o governador petista Wellington Dias – e o senador Otto Alencar (PSD-BA), que tem sido convidado para cerimônias no Palácio do Planalto sob elogios do presidente Michel Temer.

Juntando esses três votos aos 59 obtidos na votação da pronúncia, o impeachment de Dilma seria aprovado por 62 a 18. O sexagésimo voto a favor do impeachment seria de ninguém mais ninguém menos do que o próprio presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Renan tem se abstido de votar em todas as sessões sobre impeachment, como é de praxe entre presidentes do Senado. Mas agora ele está sendo cobrado pelo seu partido, para dar uma manifestação definitiva de apoio ao governo de Michel Temer.

“Está na hora de o Renan votar”, tem defendido abertamente o presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR).

“Acho que dessa vez ele vota, sim”, arremata o líder do PMDB e provável futuro presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE).

Mas o presidente do Senado ainda titubeia:

“Tenho dito que, neste momento, acho que não votarei.“

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