Com PMDB em crise, PSDB assume tutela do governo

Aécio Neves, presidente do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira novo lider do governo Michel Temer no Senado. Foto Orlando Brito

A nomeação do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) para líder do governo no Senado é muito mais do que uma simples distribuição de cargos entre os partidos que apoiam o presidente em exercício, Michel Temer.

Trata-se da saída discutida dentro da cúpula do PMDB para a crise que o partido está vivendo por conta da Operação Lava Jato.

Logo que assumiu, Temer chegou a combinar com o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), e com o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), que a liderança do governo ficaria com o partido. A senadora Simone Tebet (PMDB-MT) era a mais cotada.

Mas depois disso as revelações das gravações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado causaram a demissão de dois ministros, Fabiano Silveira (Transparência) e Romero Jucá (Planejamento). Este último, presidente em exercício do partido. E há expectativa de novas denúncias pela frente contra outros integrantes do governo.

Foi quando nomes fortes na cúpula do partido, como o senador Jader Barbalho (PA), começaram a defender a tese da necessidade de ancorar o governo mais fortemente no PSDB.

Os tucanos entenderam a estratégia do governo. E isto causou uma forte discussão entre os senadores do partido, com o temor de que o PSDB seja atingido por um eventual fracasso da administração Temer. Mas o receio de que o processo de impeachment de Dilma acabe não sendo aprovado levou o PSDB a aceitar a nomeação de Aloysio.

“Aceitei ser líder do governo no Senado, que é o lugar onde vai se dar a batalha pelo afastamento definitivo da presidente, para que eu possa contribuir com o bom desfecho desse processo”, declarou o novo líder.

O líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima (PB), disse que o partido tem consciência de que, agora, aumenta seu comprometimento com o governo: “Não vemos a nomeação do Aloysio como uma homenagem, mas sim como uma missão, um desafio.”

O desafio do PSDB vai ser este: assumir de corpo e alma o governo do PMDB e depois se lançar numa candidatura presidencial com todos os ônus que um eventual fracasso deste governo possa trazer para os tucanos.

Já no baixo clero do PMDB a escolha de Aloysio está sendo vista com receio. O medo é que o PSDB tome mais e mais espaço dentro do governo e passe a determinar tudo. Os tucanos já começaram determinando novas prioridades no Congresso, além da aprovação do impeachment. O próprio presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), revelou:

“Alguns tópicos da agenda proposta pelo PSDB deverão, a partir da chegada do senador Aloysio Nunes à liderança do governo, ser estimulados não apenas no Senado, mas na Câmara Federal. Eu destacaria a necessidade de, rapidamente na Câmara, votarmos dois projetos: o projeto que passa pela nova governança das estatais e também uma nova governança dos fundos de pensão, acabando com a partidarização e com o aparelhamento, tanto das empresas estatais, quanto dos fundos de pensão.”

https://youtu.be/CCkZ7eV8PV4

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