Afastamento de Cunha não é mera coincidência

Eduardo e Michel. Foto Orlando Brito

De repente, tudo acontece às vésperas do início da campanha eleitoral e depois que a Câmara decidiu pela abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em dezembro. Agora, passados cinco meses, sai uma decisão. Depois que Cunha comandou todo o início do processo contra Dilma, incluindo a sessão final na Câmara.

Deve ficar para depois de um período de andamento do governo Michel Temer — quando saberemos se está dando certo ou não, se ele está forte ou fraco — a decisão do Tribunal Superior Eleitoral acerca do processo de cassação da chapa Dilma-Temer nas eleições presidenciais. Em caso de condenação, teremos nova eleição.

Há dois dias, às vésperas da votação do afastamento da presidente Dilma, Janot pediu abertura de inquérito contra a presidente da República, o ex-presidente Lula e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, por causa da conversa telefônica em que Dilma avisava a Lula que estava enviando-lhe sua nomeação a ministro. A conversa foi divulgada pelo juiz Sérgio Moro em março.

Ah! E desde março o STF protela a decisão final sobre se Lula poderia ou não assumir como ministro de Dilma. Depois do afastamento da presidente, essa decisão nem será necessária.

O que era necessário, mesmo, era afastar Cunha. Ainda mais agora que Michel Temer vai assumir.

O presidente da Câmara já estava com tudo armado para se livrar no processo na Comissão de Ética. Estava prestes a se tornar um grande fardo para o presidente interino da República, a quem é muito ligado.

Como dizia aquele velho sábio espanhol: yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay

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